E os "legados" ?
Legado virou termo de primeira hora. Está na moda citar o "legado" que o evento X vai deixar, ou que o evento Y deixou, e geralmente na defesa de mais alguns inve$timentos em outros eventuais "legados". Os tais legados normalmente se referem a vilã-mor de todos os grandes eventos. A maldita e custosa infra-estrutura. Ahhh que bom se pudéssemos realizar grandes eventos sem ela. Mas, como a realidade é implacável, não tem jeito. É sempre ela que domina as dotações orçamentárias. Agora estamos em meio a uma nova postulação brasileira para sediar uma Olimpíada. E desde já, um dos fatores positivos alegados é o da existência de um "legado" deixado pelo Pan, que faria com que o custo da infra-estrutura necessária para a Olimpíada fosse menor. Faz sentido. O que me preocupa, é que quando se pensa em infra-estrutura, normalmente remete-se a uma construção inerte e fria, e não como deve ser, um organismo vivo, em permanente renovação, e principalmente, auto sustentável. Não sendo assim, torna-se apenas um grande elefante branco. Um monumento à vaidade de políticos, à ganância de construtores, e à ambição de dirigentes. Me preocupo por exemplo com o destino do Velódromo do Rio de Janeiro. Pista de primeiro nível, referencia na América Latina, mas com destino incerto. Fruto da necessidade imediata de um local para provas do Pan, pensou-se na construção e não no projeto. Poderia, como projeto, tornar-se um excelente centro de treinamento continental, com alojamentos de alto nível, centro de convivência, lojas de equipamentos, auditórios e espaços para eventos, entre outros, que tornariam o projeto auto sustentável e independente de verbas públicas, mas construíram apenas um velódromo. Esse é o tipo de "legado" que me assusta.
1 Comentários:
A idéia de construir espaços multi-usos é interessante, mas acredito que não temos que entender isso como uma grande solução e esquecer que temos um problema maior que faz com que só aquilo que pode dar lucro pode ser viável.
Por exemplo sempre falam em locais esportivos com shoppings, teatros, auditórios etc. Porém, será que se todos os locais esportivos (ginásios, autodromos, estádios etc) fossem também um shopping, será que todos eles seriam um sucesso econômico?
Pois bem, existem exemplos de shoppings que não vingaram e que também viraram elefantes brancos. Mais exemplos ainda podemos encontrar de teatros, auditórios ou casas de espetáculos que seguiram o mesmo destino.
Portanto, é preciso repensar a economia e decidirmos se é ou não importante ter espaços esportivos para os amantes do ciclismo, ginástica artistica, salto com vara etc.
Se considerarmos importantes então não devemos considerar seus equipamentos de infra-estrtura como elefantes brancos, mas sim arcar com o custo disso que entendemos ter uma importância social.
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