sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Exemplos, modelos e semelhanças

Ontem foi inaugurado o Novo Estádio Corona,em Torréon, México, com o amistoso entre o Santos Laguna, que se utiliza do estádio, e o Santos brasileiro.
O estádio custou 1 bilhão de pesos mexicanos, e tem capacidade para 30.000 lugares, podendo ser expandido para 38.000.
Convidado do amistoso, Pelé declarou entre outras coisas que "em poucos lugares do mundo se constroem complexos tão modernos quanto o estádio Corona", e que gostaria de ver o Santos construir um estádio igual.
Que semelhancas poderiam haver entre esse modelo, e a situação brasileira ?
Bem, vou colocar alguns "senões" nessa história. Eu sei, vcs vão pensar "lá vem o chato colocar algum defeito", e eu sei que sou, e é porisso que eu tenho apenas 6 leitores fiéis. Se fosse menos chato poderia ter mais. Lamento.
Mas o fato é que existem atipicidades sim.
Em primeiro lugar, o "modelo" é diferente porque o Santos Laguna não é um clube de sócios, como o Santos, mas um clube que pertence a uma empresa. No caso específico, a maior industria de bebidas do México, o grupo Modelo. A empresa criou o clube em 1982, como ponta de lança de sua estratégia de marketing visando associar as marcas do grupo ao esporte mais popular do México. Sendo assim, não foi um investimento de mercado, mas uma ação do grupo no sentido de, através do poder financeiro, dar mais visibilidade ao Laguna, que ainda é um clube relativamente pequeno. Pequeno mas com um padrinho poderoso.
O nome do estádio, Corona, é da cerveja mais vendida no país, uma das marcas do grupo, e portanto, não pode se caracterizar como uma operação de naming rights, porque o dinheiro sai de um bolso para entrar no outro (da mesma calça).
Sendo assim, é bem difícil para o nosso Santos, ou qualquer outro clube brasileiro, obter no mercado real os aportes para investimentos semelhantes.
Não acredito no modelo de times de empresas no Brasil. Acredito que nossos clubes de futebol podem ser geridos como empresas (em termos de eficiência), mas não pertencerem a empresas, que em algum momento podem desistir do projeto e repassar os times para os primeiros aventureiros de plantão.
E outra coisa. O estádio nem é essa Brastemp toda, pois 70% dos lugares não são cobertos. Modernidade estranha essa heim Pelé...

3 Comentários:

Às 13 de novembro de 2009 às 15:05 , Anonymous Anônimo disse...

Bem, boa parte dos estadios de futebol americanos sao descobertos totalmente. Mesmo o novo estadio de Los Angeles nao tem cobertura total. Dependendo da intensidade e da frequencia das chuvas nao e tao importante assim. Nao pra jogos a noite.

O que tem que ser analisado e o "recheio" do estadio. Sempre falam no tal do shopping como se eu fosse sair da minha casa pra ir la no fim do mundo comprar alguma coisa. Em dia de jogo, talvez. Nos outros dias, pra que serve o tal "shopping"?

Outra coisa importante e a mobilidade. Ha estacionamento? E proximo ao metro? As ruas ao redor sao retas, facilitando o escoamento ou sao sinuosas, como no Morumbi, o que atrapalha o acesso?

O Pele deve ter analisado isto.

Pedro

 
Às 13 de novembro de 2009 às 18:52 , Blogger Novas Arenas disse...

Pedro, vamos lá. Quando vc diz que boa parte dos estádios de futebol americanos são totalmente descobertos, vc tem razão. O detalhe é que a grande maioria deles não é moderno, ou pelo menos, foi construído na última década. Os mais recentes possuem pelo menos 70% dos lugares cobertos. Claro que não podemos esquecer que a cultura americana de arenas, principalmente de beisebol e futebol, privilegia os lugares descobertos. A Europa tb possui vários sem cobertura, Camp Nou entre eles, mas são projetos de décadas. Os projetos modernos caminham para níveis de segurança e conforto dos espectadores cada vez maior. Privá-lo da cobertura é andar para trás. A nova Red Bull Park de soccer em Nova Jersey, será totalmente coberta (é a cultura européia de novas construções). Quando vc fala de "recheio", é preciso destacar que shopping não é ítem obrigatório em projeto nenhum. Nenhum ítem é. Os projetos possuem perfis distintos. O que na verdade está por trás do conceito é dotar o projeto de facilities que permitam a circulação diária de milhares de pessoas no complexo. Então se vc constroi uma torre de escritórios, porque não um hotel, um centro de convenções e um setor comercial ? Ninguem irá se deslocar dezenas de kms para "comprar" nada lá, mas são serviços agregados importantes para aquelas pessoas que frequentam o local todos os dias. Um projeto que prevê um estádio na periferia com apenas um shopping agregado, é um péssimo projeto. Quanto a questão de estacionamento, existem culturas diferentes. Na Europa poucos novos estádios possuem grandes estacionamentos, situando-se perto de linhas férreas e metrô. Nos EUA, exceto a região de NY, as novas arenas são construídas longe do centro, sem acesso via transportes de massa, e os estacionamentos são imensos para 20/25 mil automóveis. Esse estádio do Laguna segue essa tendencia de farto estacionamento (a região não possui metrô ou trem), e localização fora da região central. Abs.

 
Às 30 de dezembro de 2009 às 23:10 , Anonymous fabio disse...

Achei perfeita a análise, também não vejo sustentabilidade a longo prazo para um time forjado por alguma empresa. Entretanto, com essa nova tendência dos times se tornarem franquias ou serem vendidos para grandes "investidores" acho que posso vir a mudar de opinião no futuro.

A principio, torcemos para o time da cidade, ou, nos casos de cidades com mais de um time, utilizamos como lógica a origem e a história do clube, por exemplo: O time do povo, o time da colonia italiana, o time rico etc.

O fato é que o Santos Laguna só tem o dinheiro porque faz parte do marketing da sua empresa proprietária, por isso o modelo não se encaixa no Brasil conforme muito bem dito em sua análise

 

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