sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Gol contra

Temos lido na imprensa nesses últimos dias várias notícias envolvendo negociações entre clubes e investidores para a construção de arenas. Tudo com o qual, nós profissionais da área, sempre sonhamos. Demanda forte do mercado, interesse de investidores privados, economia aquecida, infra estrutura esportiva precária. Todos os ingredientes para um "boom" que poderá prover o país nos próximos anos de uma infra a altura de sua evolução dentro dos campos, pistas, quadras e piscinas. Lamentávelmente entretanto, as notícias que pipocam na imprensa são as piores possíveis. Negociações com transparencia zero (independente de determinadas negociações necessitarem de ações sigilosas pontualmente), e interesses de lobistas e investidores sob suspeita, causam apreensão em relação aos rumos que esse novo nicho de oportunidades podem tomar. No Rio, após um período de boatos e ações frustradas, onde novas arenas para Fla, Flu e Botafogo ficaram no quase, prevaleceu a cultura do investimento público. Mais dinheiro no Maracanã, convencendo Fla e Flu a partilharem o espaço, e a construção e licitação pelo Município do estádio Olímpico, num projeto cheio de equívocos, mas capaz de convencer o Botafogo a desistir de uma arena própria em troca do arrendamento por 20 anos. Já em SP, apesar do capital privado prevalecer nas inversões previstas, existe suspeita em relação aos interesses das construtoras envolvidas nos projetos de Palmeiras e Corinthians. Em relação a esse último, fica evidente os muitos equívocos já cometidos. Em primeiro lugar, o clube não possui em seus quadros especialistas em planejamento e gestão de arenas. Desconfio que esses profissionais são especializados em algo cujo conhecimento faz parte do senso comum, como o futebol, onde todos são técnicos e especialistas, ou pelo menos entendem que são. Sem especialistas para nortear os pontos de interesse do clube, este ficou ao sabor de projetos elaborados por terceiros com características que nem sempre correspondem aos interesses do clube. Aí o clube comete o segundo equícoco. Elegeu uma comissão de corinthianos notáveis, profissionais de relevo sem dúvida, principalmente na área financeira, para que esta escolhesse o melhor entre os projetos apresentados. Ou o menos pior, se nenhum fosse totalmente dentro dos interesses do clube. Mas a pressão de lobistas e de construtoras foi tão grande e tão constrangedora, que os notáveis pediram para sair. Uma bóia salvadora que o Presidente do clube deve aproveitar para colocar ordem na casa e salvar alguma coisa do incêndio e ainda manter acesa a esperança do clube em possuir a sua arena. Mas do jeito que deve ser, com a certeza que o clube estará se associando ao projeto que efetivamente corresponda aos interesses do Corinthians, não só no curto, mas principalmente no longo prazo.

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