terça-feira, 2 de março de 2010

Soluções existem...

Entre as inúmeras causas da contínua sensação de insegurança que os jogos de futebol proporcionam no Brasil, a péssima gestão de bilheterias continua sendo uma das principais. É estranho tambem, como a percepção do problema é visto e abordado pela imprensa. Um exemplo.
Ontem, assistindo um dos programas do SporTv, uma excelente matéria foi realizada mostrando os efeitos ainda latentes da tragédia do Couto Pereira em 2009.
Após as imagens, a apresentadora pergunta ao jornalista: Mas o estádio, a estrutura, continua a mesma ?
E o jornalista responde: Continua tudo igual, nem uma grade, nada...

E eu fiquei pensando, mas afinal, na cabeça dos jornalistas, o que eles esperavam que tivesse havido em termos de modificações estruturais para melhorar a situação anterior ?
Ampliação de acessos ? Não foi comentado.

Pois essa seria, em termos de reforma estrutural, a grande alteração a ser feita se fosse o caso. Todas as outras medidas de segurança relevantes não se referem a estrutura (a não ser quando a estrutura está fisicamente deteriorada, o que não é o caso).

O jornalista certamente desconhece, que as causas principais de todas as grandes tragédias em estádios pelo mundo afora, se deram pela conjugação de dois fatores. Excesso de lotação e excesso de obstáculos. Grades, muros, fossos, arame farpado e barricadas, são excelentes para impedir invasões de castelos medievais não para arenas esportivas. Para essas, indicamos ações mais simples, como uma eficiente gestão das bilheterias para impedir excesso de lotação, lugares marcados e sentados, cameras de vigilância em doses generosas, policiamento e controle de acesso rigoroso no entorno da arena, muita informação aos torcedores, orientadores de público treinados e em grande número, legislação eficiente para punir os baderneiros e etc, pois meus leitores já sabem disso tudo.

Depois de todo esse blá blá blá, e arrematando, para uma eficiente gestão de bilheteria é preciso uma venda de ingressos disseminada por inúmeros pontos de venda pela cidade, possibilidade de compra por meios virtuais e com variadas formas de pagamento. Lembrei disso, porque em 2 semanas uma das maiores empresas desse tipo de tecnologia, o chamado "cashless payment system", a alemã Payment Solution AG, vai instalar na Campushalle, a arena de handball do SG Flensburg-Handewitt, seu mais novo sistema.

É a vigésima arena em que o sistema está sendo implantado em pouco mais de 6 meses.

Porque aqui tudo é tão difícil ? O custo ? Não me façam rir.

A nossa cartolagem gosta mesmo é do BWA advanced system...

2 Comentários:

Às 3 de março de 2010 às 13:55 , Anonymous Andrés Montano disse...

Ricardo,

Engraçado é que algumas das medidas simples que poderiam ser tomadas, que você citou no seu post, deveriam fazer parte do dia-a-dia dos estádios brasileiros pois estão previstas em lei (10.671 de 15/05/03 - estatuto do torcedor) e que não é cumprida. Ex: orientadores para a torcida nos estádios (em alguns eu sei que tem, mas poucos), circuito de câmeras, assentos numerados, relação dos nomes dos torcedores impedidos de comparecer ao estádio, entre outros).

O Brasil é o único país aonde tem lei que não "pega". Aonde está o Poder Público para fiscalizar o cumprimento das leis?

E além dessas medidas simples, será que não poderíamos aproveitar algo do "Relatório Taylor" ou buscar algum outro exemplo de sucesso e adequar alguma medida de segurança à realidade brasileira? Será que não ajudaria? Sinceramente não sei se resolveria, mas acho que temos que buscar alternativas para aumentar a segurança dos estádios.

Abraços

 
Às 3 de março de 2010 às 14:39 , Blogger Novas Arenas disse...

Andres, as soluções são essas e amplamente conhecidas. O problema é que a grande maioria dos estádios brasileiros são geridos por máfias (públicas ou privadas) que se locupletam recebendo $$$ de determinados "fornecedores".É a empresa de limpeza, os caras das "catracas", o pessoal que confecciona e comercializa os ingressos, e por aí vai. Existe um conceito bastante difundido de gestão de arenas que é o outsourcing. Mas lá fora. Aqui nós inventamos um tipo de outsourcing às avessas que produz essas aberrações. Abs.

 

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