segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cheiro de fumaça

A implementação da infra esportiva necessária para a realização da Copa 2014 está cada vez mais complicada.
A Fifa resolveu pressionar nossos organizadores, antes que os prazos "estourem" de vez. Essas dificuldades já eram previstas, pelo menos para quem frequenta esse blog. Os projetos públicos esbarram em dificuldades políticas, burocracia do estado, licitações que se arrastam, medidas judiciais e projetos de risco, até porque as pessoas de grande parte dos estados envolvidas nesses projetos não são do ramo.
Já os projetos privados, fundamentalmente carecem de recursos financeiros (justamente o que não falta aos projetos públicos).

O jogo está ficando perigoso. Os clubes proprietários dos estádios indicados como sedes, parecem apostar na teoria do quanto pior melhor. Quanto mais os prazos se apertarem, maior a possibilidade de recursos públicos e outras facilidades serem injetadas nesses projetos.
Destaco as declarações feitas essa semana, dos responsáveis do Atlético-PR e do Internacional sobre o andamento das obras e tirem suas conclusões.

“Eu afirmo para você, se não houver participação dos governos municipal e estadual, o Atlético não vai fazer nada. A obra não vai sair”, declarou o Vice-presidente do Atlético-PR, Ênio Fornea.

“O estádio de Manaus está pronto? Alguém viu os outros sete estádios? Alguém viu uma máquina limpando o terreno? Os três particulares são os mais próximos de estar prontos. Mais do que Maracanã e Mineirão, pelo tamanho dos recursos necessários para a reforma”, declarou o Presidente do Internacional, Vitório Píffero.

O primeiro já fala em tom de ultimato. O segundo descaradamente explica que está aguardando os "incentivos fiscais" (redução de impostos sobre aquisição de material de construção).

É evidente que é preciso atentar para o lado estratégico das candidaturas e das cidades, mas alguns rumos precisam ser discutidos com a sociedade, principalmente quando existe a possibilidade real de investimentos de recursos públicos em patrimônios privados. Vejam o caso do SPFC.
Notícias começam a circular sobre investimentos municipais e estaduais de R$ 135 milhões em obras de "infra-estrutura" para melhorias do entorno e dos acessos. Fala-se ainda no projeto do monotrilho ligando o aeroporto ao estádio, e ainda a utilização de um terreno público para estacionamento.
Ora, emprego de recursos públicos e incentivos fiscais diversos, utilizados na revitalização de áreas urbanas degradadas, é habitual, desejável, e com larga utilização em vários projetos mundo afora. Um grande equipamento esportivo efetivamente pode se tornar a âncora de projetos deste tipo. E aí, o emprego de recursos públicos faz todo o sentido. Mas será que esse é o caso do Morumbi ? O estádio está inserido em área degradada ? Será que faz sentido empregar recursos públicos que podem ultrapassar R$ 200 milhões (correção de rio subterrâneo, construção de "piscinões", obras viárias, monotrilho, estacionamento)na valorização de patrimônio privado, apenas para sediar alguns jogos da próxima Copa ?
A resposta não é tão óbvia quanto parece, pois existem razões estratégicas do município envolvidas, mas precisariam ser melhor discutidas com aqueles que irão pagar essa conta, os contribuintes.

3 Comentários:

Às 5 de maio de 2010 às 12:44 , Anonymous Anônimo disse...

Enquanto o Inter espera os incentivos do governo (sendo que tinha prometido fazer tudo com "recursos próprios"), o Grêmio começará em julho a construir sua nova arena, que será o mais moderno estádio da América Latina, contando inclusive com acompanhamento do consultor da FIFA, Carlos de la COrte. ALGUÉM AINDA ACREDITA QUE O BEIRA-RIO SEDIARÁ A COPA? HAHAHAHAHAHA

 
Às 10 de maio de 2010 às 10:41 , Blogger Unknown disse...

Ricardo, concordo plenamente.

Sobre o estádio da cidade de São Paulo, você certamente reparou que sempre quando o SPFC apresentava um projeto, a FIFA logo de cara dava uma bela pancada e desqualificava mesmo. E agora nesta última revisão o que presenciamos é um silêncio da FIFA.

Sabe o que isso me faz pensar?

Algo do tipo:

- FIFA: "E aí, cidade de São Paulo, vocês apresentarão logo um projeto completo para um novo estádio, com recursos garantidos, ou vou ter que aprovar esse Morumbi?"

Abraço,
Claudio Baptista Jr.

 
Às 13 de junho de 2010 às 18:54 , Anonymous fabio disse...

Se for mais viavel, diga-se barato e possível, fazer o investimento no Morumbi é lá que deve ser feito, mesmo que isso venha a valorizar um patrimônio privado.

Se você discorda disso deveria manter essa mesma linha de raciocínio sempre, uma linha esquerdista e estatista, que, mesmo que fosse boa, não parece uma realidade nos dias atuais.

Mesmo na copa da Alemanha muito investimento público foi feito para valorizar empreendimentos privados, mas como estavamos no auge da confiança na iniciativa privada isso acabou sendo omitido.

 

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