quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Cabeça de gato

Lembram daquele velho dilema ? O que é preferível, ser cabeça de gato ou rabo de leão ?
Pensei nisso à propósito do episódio envolvendo a recente transferência do Robinho. Robinho ? Mas o que isso tem a ver com arenas etc ? Na verdade nada. Mas resolvi dar o meu pitaco, aproveitando a deixa de que o assunto envolve planejamento estratégico. Não de clubes, mas de carreiras.
Não resisti a escrever esse post depois de ler os comentários de um polêmico jornalista / garoto propaganda, em que ele coloca em seu blog que Robinho teria se transferido para o Bragantino da Inglaterra. O mesmo blogueiro que semana passada postou a seguinte pérola: Para que o Corínthians precisa de um estádio ? Essa pergunta eu respondi na minha coluna no site Fanáticos por Futebol, e quem quiser pode ler em http://www.fanaticosporfutebol.net/ .
Tenho que reconhecer que muitos integrantes da imprensa tambem tem qualificado os azuis de Manchester como clube pequeno, inexpressivo, de segunda divisão e etc., considerando que o jogador brasileiro fez um péssimo negócio em termos esportivos, já que afinal, porque diabos um jogador quer sair do maior time do mundo para um time tão inexpressvo ?
Pois eu vou nadar contra essa corrente. Na minha visão ele fez um ótimo negócio. E vou logo listando os motivos.
Em primeiro lugar, NÃO, o City não é o Bragantino, não é inexpressivo, nem de segunda divisão.
Até a virada dos anos 70/80, o City, apesar do último título ingles em 68, dividia as atenções da cidade com os rivais vermelhos.
A partir daí iniciou um processo de decadencia que o fez visitar a segundona, e custou a engrenar uma reação a partir da reformulação ocorrida no modelo de gestão do futebol ingles.
Entretanto, há alguns anos, se reorganizou, aprimorou sua estrutura (o estádio do City é um dos 4 melhores da Inglaterra), se abriu aos investidores e firmou-se no cenário doméstico.
Nesse momento, acaba de ser comprado por um fundo de investimentos soberano gerido pela família que controla o emirado de Abu Dhabi. Esse fundo possui um total de ativos que equivalem ao dobro do PIB do Brasil.
Fazendo um comparativo com o Chelsea, clube que a maioria da imprensa classifica como poderoso, no início da década quando foi arrematado pelo bilionário russo, o Chelsea encontrava-se num estágio bem inferior ao atual City. O mesmo processo de decadencia, um time fraco, e apenas a terceira torcida de Londres. Considerando que o Emir de Abu Dhabi possui um poder de fogo, muito, mas muito maior que o russo, alguem duvida que o City possa alcançar o estágio atual do Chelsea na metade do tempo ? Eu não.
Em termos técnicos, Robinho será titular e principal astro de um clube em ascensão, e que participa do melhor e mais rico campeonato do mundo. Um campeonato cujos clubes já investiram em 2008 a soma de 600 milhões de libras em contratações.
Em termos financeiros, ganhará o triplo do que recebia na Espanha.
Por outro lado, no Madrid, amargava a reserva, jogava 15 a 20 minutos por partida, quando jogava, e recebia uma das remunerações mais baixas do plantel.

Em resumo, acho que Robinho atirou no que viu e acabou acertando no que não viu, e se tiver um pouquinho de juízo, pode fazer desse limão uma saborosa limonada.

E lembrem-se, planejamento estratégico é enxergar na frente, é imaginar cenários futuros, e responder com precisão entre outras perguntas, a essa. Onde eu quero estar lá na frente ?

Bem, por tudo isto, fica fácil deduzir que eu prefiro ser cabeça de gato, mas de um gato que amanhã certamente será leão. E vcs ?

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