Incompetência ao quadrado
Assustador o que aconteceu ontem no estádio olímpico. A direção do Botafogo se excedeu. Se já demonstrava incompetência na incapacidade de gerar receitas com o estádio desde que obteve a concessão do equipamento, apesar de todos os problemas de projeto já fartamente comentados, o clube mostra-se perdido na gestão até mesmo da bilheteria.
O estádio, como meus 6 leitores fiéis sabem, possui capacidade para 45.000 pessoas, sendo que 43.000 para venda de ingressos com segurança.
Para a partida contra o Avaí, o clube contava com alguns trunfos. Feriado, dia das Crianças, tempo bom, promoção no preço dos ingressos para atrair crianças e pais, e motivação natural da torcida pelos últimos bons resultados do time.
Mas acreditem, com tudo isso a favor, o clube solicita uma carga de apenas 30.000 ingressos. Com o caos já formado, solicitam emergencialmente mais 5.000. Só que a essa altura, já era tarde. Portões abertos para evitar uma tragédia, muita gente entrou sem pagar, enquanto outros que compraram ingresso, não conseguiram.
A verdade é que gestão profissional de arenas é uma atividade insipiente no Brasil. Normalmente o "gestor" é um engenheiro que entende da manutenção da estrutura, mas que nada entende de gerar receitas. Como o marketing dos clubes não possui nenhum profissional com experiência específica em arenas, os equipamentos ficam sub-utilizados e sujeitos a episodios como o de ontem.
Quando estive a frente do estádio do Celta, eu dividia a gestão com um engenheiro que se ocupava das áreas de manutenção (chamadas áreas de custo). Eu me ocupava da geração de receitas e comunicação de forma exclusiva. Os profissionais de marketing do clube cuidavam da negociação de patrocínios do clube e receitas de mídia, mas todas as atividades comerciais envolvendo o estádio eram de minha responsabilidade. E isso se dá em todas as arenas esportivas de porte mundo afora, onde gestão esportiva é realidade.
No Brasil isso ainda é ficção.
2 Comentários:
Ricardo,
Tive a oportunidade de ver as imagens da torcida aglomerada nos portões de entrada e depois entrando com os portões liberados, e achei um completo absurdo tudo isso.
Me parece que planejamento ainda passa longe de muita diretoria de clube no Brasil.
Acho que nos estádio modernos, como o Engenhão, não haveria o risco de acontecer algo similar à tragédia de Hillsborough, até porque o estádio não possui alambrado, mas a integridade física de milhares de torcedores poderia estar em risco.
Forte Abraço
Nada me surpreende quando falamos de Botafogo x João Havelange, e Venda de Ingressos x Rio de Janeiro.
Mas, Ricardo, conta mais dessa tua atividade no Celta.
Abraço.
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