Semana passada li na imprensa alguns comentários e notícias sobre construção de estádios para a Copa 2014 que me chamaram a atenção.
Na coluna do Ancelmo Góes de "O Globo", uma pequena nota dava conta de que, na opinião de um profissional especializado em construções de arenas, apenas os projetos de estádios no Rio e em São Paulo seriam viáveis.
Bem, a coluna não cita o nome do profissional, mas acredito que sua intimidade maior esteja ligada ao aspecto de construção em si, já que em termos de planejamento e auto-sustentabilidade, o tal profissional parece conhecer pouco. Na verdade, sem me alongar muito, se o empreendimento for bem planejado e bem ajustado a realidade local, a grande maioria dos projetos pode ser viável. Não podemos desconsiderar isso apenas porque alguns projetos apresentados são totalmente irreais e explicitamente eleitoreiros. São coisas distintas.
Outro comentário, na verdade um post/artigo, publicado no blog do jornalista Juca Kfouri, escrito por Antonio Azevedo, de Santos-SP, e intitulado "Acorda Recife", também me causou espécie.
No citado artigo, o autor se diz indignado com o projeto proposto para Recife, e propõe outra solução. Já que a cidade possui 3 grandes clubes, com 3 estádios próprios, porque, ao invés de investir R$ 400 milhões numa quarta arena na periferia da cidade, não se investe apenas metade desses recursos para reformar uma delas e evitar a construção de um elefante branco?
Parece simples, mas nem sempre o que parece simples de fato é.
Tambem sem me alongar demais, digo que dificilmente haveria interesse da iniciativa privada em investir, digamos, por volta de R$ 200 milhões, para reformar qualquer um dos 3 estádios de Recife, todos em péssimo estado (considerando o nível de exigências para um jogo de Copa). Tanto que nenhum dos 3 clubes sequer cogitou a hipótese de apresentar qualquer projeto nesse sentido. Por outro lado, imaginar os governos locais investindo dinheiro público em algum estádio privado, parece risível (ou será que o autor também defende a inversão de capital público no Morumbi ou no Beira Rio ?). Sendo assim, quais as alternativas que restam ?
Elementar meu caro Antonio. Erguer uma nova arena dentro de um modelo auto sustentável, que possa interessar a iniciativa privada através de uma PPP, costurando um acordo prévio com 2 dos 3 grandes clubes de Recife para mandarem seus jogos na futura arena, e, de quebra, revitalizando alguma área degradada da cidade. Que é exatamente o que parece ser a intenção do projeto de Recife (que, diga-se de passagem, conheço apenas o que foi divulgado publicamente pelo comitê local).
A lamentar apenas a ânsia do dono do blog em publicar qualquer texto ou notícia que sugira "escândalos" do poder público, ou de seus desafetos na CBF, COB, FIFA e etc. Não os defendo, e muito menos sou pago para isso, mas publicar opiniões demagógicas, sem nenhum fundamento técnico (e sem um contraponto, algo como uma segunda opinião), em nada contribui para que o público em geral (e outros "Antonios"), possa se informar melhor sobre o assunto. Em resumo, um desserviço.