sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma nova estratégia para São Paulo

Hoje vou opinar sobre um daqueles assuntos polêmicos e espinhosos, mas inevitáveis, visto o grande número de pessoas que pedem opinião sobre ele.

A pergunta que fazem é: Afinal, quantos estádios rentáveis "cabem" em São Paulo ? E que estádios seriam esses ?

Pergunta boa heim. Já li opiniões as mais diversas. Uns dizem que deveriam construir mais não sei quantos estádios, outros afirmam que a cidade não comporta um quarto estádio, e por aí vai.

Bem, a uma primeira análise, o grande empecilho para uma reorganização da infra esportiva paulistana, é o Pacaembu. Municipal, portanto não muito pródigo em investimentos, semi tombado, ele é o verdadeiro patinho feio nessa história.
Vem sendo utilizado pelo Corinthians, mas é antigo e acanhado para um clube que possui a maior torcida da cidade.
E quais são as alternativas disponíveis hoje, na oferta de lugares na cidade ?
O Morumbi, do SPFC, igualmente antigo, envolvido nessa novela interminável para a obtenção dos recursos necessários para que o estádio sedie os jogos da Copa 2014 da capital paulistana, e o Palestra Itália, do Palmeiras, também já acanhado para seus jogos. O clube possui um novo projeto de arena, com oferta de 45 mil lugares, já possui o financiador, mas é vítima da burocracia brasileira que tem adiado o início das obras nos últimos meses.

Sendo assim, imaginando aquela velha brincadeira de dança das cadeiras, temos 4 grandes clubes, e apenas 3 estádios de porte na cidade. Como faríamos para encaixá-los nesse jogo ?
Bem, minha visão, de longo prazo deixemos claro, é a de que a cidade comporta sim um número maior de arenas. Não vamos pensar na questão presente,que seria a disponibilidade de investimentos, pois que é uma questão conjuntural, e pensemos em argumentos que corroboram essa tese.
Porque a cidade comportaria 4 estádios de médio e grande porte ?

Eis alguns argumentos.

A cidade possui os 3 clubes de maior potencial economico do país, e detentores de 3 das 4 maiores torcidas. Possui um quarto clube, o Santos, que tambem possui boa torcida na capital e situa-se seguramente entre os 8 maiores do país. A tendencia, se examinarmos vários números, é a de que em alguns anos esses 4 clubes se distanciem dos demais no aspecto econômico, e se consolidem em termos de apoio popular.
Além disso, São Paulo é a cidade mais rica, e maior mercado consumidor e publicitário da América Latina.
Buenos Aires, cidade que hoje não rivaliza nos aspectos citados com SP, não possui estádios públicos, e todos os clubes, grandes e pequenos, possuem estádios próprios e viáveis.
Londres idem, onde além dos estádios particulares, possui 1 estádio público, e está construindo outro para a Olimpíada de 2012.

Então, economicamente, a cidade teria sim condições de abrigar outro projeto (obviamente um projeto que fizesse sentido).

E como seria o encaixe das peças ?

Um grande fator que trava o faturamento das bilheterias dos 4 grandes de SP, é a pequena oferta de lugares. Se considerarmos os 3 estádios citados, mais a Vila Belmiro, não mais do que 120 mil lugares são ofertados aos torcedores da, repito, maior cidade da AL. Se compararmos com o Rio de Janeiro, os 3 estádios de porte da cidade oferecem uma disponibilidade de pelo menos 165 mil lugares, que aumentará para 180 mil com a expansão do estádio Olímpico.
Portanto, existe espaço para maior oferta em SP sim senhores.

O que precisa é uma coordenação mais competente envolvendo Prefeitura (proprietária do patinho feio), Federação Paulista, e dos 4 grandes clubes, pensando não apenas na estratégia individual de cada parte, mas na estratégia global, do que seria melhor para a cidade no longo prazo.

Por exemplo. O que o Santos pensa da vida ? Será que o time praiano acredita em crescimento, em todos os sentidos, jogando num estádio acanhado estilo "alçapão" ?
O Santos só terá espaço entre os grandes do futuro se pensar grande. Se passar a mandar seus jogos na capital e disputar os novos torcedores com os outros 3. Se continuar na Vila, em breve se distanciará muito dos outros. Perderá mercado. Encolherá. As médias de público e renda do Santos são ridículas. Então porque não costurar um acordo com a Prefeitura e parceiros privados, reformar o Pacaembu transformando-o num estádio mais moderno e seguro com 30.000 lugares, e passar a jogar na Capital ? Em troca dos investimentos, um comodato de 30 anos por exemplo.

Mas e o Corinthians, que hoje se utiliza do Pacaembu ?

O Corinthians, dentro dessa visão estratégica, seria a âncora de uma nova arena. Mas que arena seria essa ?
Pensemos o seguinte.
Será que em algum momento à frente, digamos 15 a 20 anos se tanto, SP não terá a ambição de sediar um mega evento olímpico ? Com certeza terá.
E quando a vontade chegar, onde seria realizado ?
Pois essa seria a saída do quebra-cabeças. A construção de um estádio com características olímpicas, inicialmente com cerca de 50 mil lugares, mas expansível para 65 mil na eventualidade de sediar um mega evento olímpico, concebido dentro de um modelo de negócio que o torne com multiplas possibilidades de faturamento, e sendo utilizado pela maior torcida da cidade e do estado, faria todo o sentido. Não entendo como alguem possa achar que um projeto como esse seria inviável.

A minha preocupacão é que se isso não for discutido com brevidade, periga algum investidor construir uma arena para o clube, e aí meus caros, a possibilidade de construção de um equipamento olímpico viável de porte na cidade irá por água abaixo, pois aí sim, veremos ser erguido um elefante branco de grandes proporções.

Evidentemente que a conjuntura atual, é um dificultador. Não é um assunto que se decida num fim de semana. É preciso um bom tempo de negociações entre o poder público, os clubes, e a iniciativa privada.
Mas é possível. Basta que os atores pensem menos no seu umbigo, e mais na melhor solução para todos.
A partir daí, a cidade passaria a ofertar cerca de 200 mil lugares nos estádios, e as possibilidades de faturamento dos 4 grandes cresceria na justa medida do mercado em que estão inseridos.

Pensem e o debate está aberto.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A garantia do sucesso

Em recente palestra, o ex-chefe executivo do Chelsea e do Manchester United, Peter Kenyon, definiu que o fator que garantiu o sucesso da Premier League tornando-a uma das marcas mais valiosas do esporte, bem como dos clubes participantes, foi a qualidade do espetáculo.

"The name of the game is quality", disse ele.

A qualidade do espetáculo/competição é o que determina o sucesso do produto, independente da competição (Copa do Mundo, Champions League, torneio locais ou regionais), sendo o denominador comum entre elas.

E quais os fatores concretos para esse sucesso ?

- Arenas confortáveis e seguras
- Grandes astros participando da competição
- Organização impecável da competição (logística, regras, etc.)
- Legislação reguladora confiável

Alguma coisa realmente nova nisso ? Não, mas é sempre bom de tempos em tempos repercutir esse conceito pois a cartolagem, principalmente, sempre esquece...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Tá tudo dominado II

200 partidas manipuladas, em 9 países europeus.

3 partidas da Champions League.

Mas calma, porque nos próximos anos muitos outros escândalos virão.

Quem acompanha o blog tem certeza disso.

Querem apostar ?

Mais mudanças a caminho

Em 16/09 último, publiquei um post chamado "Uma luz no fim do túnel". Tratava da reformulação do projeto da futura arena de Cuiabá para 2014, tornando-a redutível dos absurdos 45.000 lugares para sensatos 28.000.
Pois ontem, surge a notícia da provável reformulação do projeto de Natal dentro da mesma ótica, ou seja, reduzir a capacidade da futura arena de 45.000 para 30.000 lugares.
Incrível como passados quase 6 meses das escolhas, constatamos que os projetos não existem. Os que existiam, estão sendo alterados em vista dos absurdos de concepção, e os que não existiam, continuam não existindo. Nenhum edital foi publicado até agora, o que confirma essa impressão.
Menos mal que as alterações pretendidas para as duas cidades citadas sejam muito bem vindas.
O secretario de Turismo do RN, Fernando Fernandes, informa que nos EUA já existe uma tecnologia que permite a redução de capacidade.

Pois é, uma pena que o secretário não acompanhe esse blog. Na verdade a técnica conhecida como "steel framing" já existe há décadas. Há poucos anos algumas empresas desenvolveram produtos voltados para o segmento esportivo e desde então vários projetos já se utilizaram deles. O SPS (Sandwich Plate System) por exemplo, já foi utilizado em 2007 no hipódromo de Ascot, e várias das arenas usadas na EuroCopa de 2008,tanto na Suíça como na Áustria, tambem sofreram reduções.

Espero que o bom senso alcance outros projetos, especialmente na Amazônia e no planalto central...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os maus exemplos

Semana passada foi colocado o teto que recobre o Centro Aquático do parque Olímpico dos jogos de Londres 2012. Em forma de onda, a estrutura pesa 2.800 toneladas.
O equipamento é composto de duas piscinas de 50m, uma de 25m, e uma torre de saltos.
O projeto é muito bonito, mas...sempre tem um mas...
O custo orçado no projeto apresentado ao COI, era de 70 milhões. Fechou em 250 milhões. De libras !!! (750 milhões de reais). E 100% dinheiro público.

Nossas autoridades olímpicas, e não olímpicas, andam enamoradas pela eficiência, experiência, e qualidade na gestão de projetos dos britanicos. Têm ido com frequência à ilha acompanhar os preparativos, e voltam maravilhados com o que viram. Será que é para tanto ? Confesso que não sou dos maiores admiradores dos gestores de sua majestade.
Além dos orçamentos estourados para a Olimpíada (de 4 bilhões de libras já ultrapassou os 9 bilhões), não podemos esquecer o maior "case" de incompetência de gestão de todos os tempos no esporte, que foi a construção do novo Wembley. Um exemplo clássico de tudo que não se deve fazer nessa área.

Agora, já pensaram se para 2016 nosso comitê organizador faz o mesmo ? O mundo viria abaixo. Lá, nem tanto.

Acho que seria melhor deixarmos a Inglaterra um pouco de lado, e mirarmos outros exemplos, até porque, know-how em estourar orçamentos nós já temos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mais do mesmo

O Botafogo comunicou semana passada alguns dos projetos para o estádio Olímpico em 2010. Como meus 6 leitores fiéis sabem, durante o período de fechamento do Maracanã (em reforma para 2014), aquele estádio será o principal local de jogos no Rio de Janeiro.
O clube começa a se mexer com 2 anos de atraso.
Entre as novidades, o fechamento de parcerias com estabelecimentos de alimentação para a diversificação dos produtos oferecidos, e para incentivar os frequentadores a passar mais tempo no estádio ( será que a Casa da Empada ou o Forno de Minas vão fazer os torcedores chegarem mais cedo ao jogo ?). Tambem vão acelerar a realização de shows (no gramado???).
É muito pouco, mas melhor que nada.
A questão crucial porém, ainda não foi revelada (se é que será...) pelo clube.
Nesse período em que o estádio irá sediar a maioria dos jogos de Botafogo, Flamengo e Fluminense, o clube irá receber um % das rendas a exemplo da Suderj com o Maracanã ?
O torcedor do Botafogo terá algum privilégio pelo fato do estádio pertencer ao clube ?
Essas são questões importantes, que os torcedores do Botafogo me perguntam, e para os quais respondo de forma singela.
Não sei.
Alguem sabe ?

sábado, 14 de novembro de 2009

Frase da Semana

"Essa punição equivale a punir o prédio porque a pessoa se atirou na piscina do local. Nós não temos nada com isso".

A pérola acima foi proferida essa semana pelo diretor do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, a propósito da perda do mando de campo do clube, em razão de uma invasão de campo.

Vamos ver se entendi. O SPFC é o proprietário e operador do estádio. O SPFC por conseguinte, é o responsável não só pela segurança interna, como também pela manutenção do estádio.

Então, se "nós não temos nada com isso", quem é que tem, cara pálida ?????

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Exemplos, modelos e semelhanças

Ontem foi inaugurado o Novo Estádio Corona,em Torréon, México, com o amistoso entre o Santos Laguna, que se utiliza do estádio, e o Santos brasileiro.
O estádio custou 1 bilhão de pesos mexicanos, e tem capacidade para 30.000 lugares, podendo ser expandido para 38.000.
Convidado do amistoso, Pelé declarou entre outras coisas que "em poucos lugares do mundo se constroem complexos tão modernos quanto o estádio Corona", e que gostaria de ver o Santos construir um estádio igual.
Que semelhancas poderiam haver entre esse modelo, e a situação brasileira ?
Bem, vou colocar alguns "senões" nessa história. Eu sei, vcs vão pensar "lá vem o chato colocar algum defeito", e eu sei que sou, e é porisso que eu tenho apenas 6 leitores fiéis. Se fosse menos chato poderia ter mais. Lamento.
Mas o fato é que existem atipicidades sim.
Em primeiro lugar, o "modelo" é diferente porque o Santos Laguna não é um clube de sócios, como o Santos, mas um clube que pertence a uma empresa. No caso específico, a maior industria de bebidas do México, o grupo Modelo. A empresa criou o clube em 1982, como ponta de lança de sua estratégia de marketing visando associar as marcas do grupo ao esporte mais popular do México. Sendo assim, não foi um investimento de mercado, mas uma ação do grupo no sentido de, através do poder financeiro, dar mais visibilidade ao Laguna, que ainda é um clube relativamente pequeno. Pequeno mas com um padrinho poderoso.
O nome do estádio, Corona, é da cerveja mais vendida no país, uma das marcas do grupo, e portanto, não pode se caracterizar como uma operação de naming rights, porque o dinheiro sai de um bolso para entrar no outro (da mesma calça).
Sendo assim, é bem difícil para o nosso Santos, ou qualquer outro clube brasileiro, obter no mercado real os aportes para investimentos semelhantes.
Não acredito no modelo de times de empresas no Brasil. Acredito que nossos clubes de futebol podem ser geridos como empresas (em termos de eficiência), mas não pertencerem a empresas, que em algum momento podem desistir do projeto e repassar os times para os primeiros aventureiros de plantão.
E outra coisa. O estádio nem é essa Brastemp toda, pois 70% dos lugares não são cobertos. Modernidade estranha essa heim Pelé...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aos amigos Palmeirenses

Tenho o hábito de ler os blogs palmeirenses, em parte pelos amigos ligados a alguns deles, e também pela enorme expectativa gerada pela construção da nova arena entre os torcedores palestrinos.

Me agrada muito perceber como a construção da nova arena despertou o interesse dos torcedores, e a consequente busca por mais informações sobre esse assunto. Entre os meia dúzia de leitores do meu blog, diria que talvez metade sejam torcedores do verdão. Acredito mesmo, que não exista nenhuma torcida hoje no Brasil tão ligada e informada no assunto quanto eles.

Entretanto, lendo algumas das centenas de comentários nos diversos blogs, confesso que me diverte observar a verdadeira obsessão que a grande maioria dos palmeirenses tem em relação a capacidade da futura arena. Apesar do projeto prever uma capacidade de 45.000 lugares, a grande maioria quer porque quer, ou sonha, com pelo menos 10 ou até 15.000 lugares a mais.

Teorias para isso sempre existem.

O orgulho de ver construído o maior e melhor estádio privado do Brasil. O prazer de suplantar o rival do Morumbi. A ambição de reverter a indicação do estádio são-paulino como sede paulista da Copa no Brasil. Enfim, motivos não faltam. Claro que do ponto de vista do torcedor, todos os motivos anteriores são válidos, pois torcer por um clube é querer vê-lo sempre na vanguarda.

Já tive a oportunidade de opinar sobre isso em alguns blogs e conversar com os amigos palmeirenses, mas como não sou torcedor e minha visão é técnica, acabo sendo meio que um estraga prazeres. Então volto ao tema, e vou tentar o improvável, que é mostrar que o projeto para 45.000 lugares está bem adequado.

Partindo do princípio que a WTorre , investidora e construtora do estádio, não tem interesse em perder dinheiro, que razões ela teria para dimensionar o estádio em 45 e não em 55/60 mil lugares ?

Em primeiro lugar existe a limitação física, a área disponível. A idéia pueril de que em casa que come 1 comem 3, ou seja, em projeto que cabem 45 cabem 55, é falsa.

Portanto, aumentar 10 ou 15 mil lugares num projeto pode esbarrar em limitações arquitetônicas de vários tipos, considerando a concepção escolhida. No caso de 2 anéis, já que a área é a mesma, o que fazer ? Aumenta-se o anel inferior ? E a inclinação do anel superior como fica ? Aumenta-se o anel superior ? Mas e os custos com a circulação de mais gente no andar de cima (necessidade de mais rampas, escadas, elevadores e etc.) ? E a segurança no caso de necessidade de evacuação rápida da arena (quanto mais gente no anel superior mais lento o escoamento) ? E novamente, como fica a inclinação ? Uma arena não é um “puxadinho”.

Assim sendo, percebemos que a limitação de área é fator decisivo para a capacidade do projeto,deste ou de qualquer outro.

Mas a arena não poderia ser construída em outra área, maior ? Sim, mas nesse caso toda a concepção do negócio em si se perderia. O fato do clube entrar no negócio com o terreno, e portanto diminuir em talvez 1/3 o custo total caso a Wtorre necessitasse comprar outra área, tornou o negócio muito interessante para o clube. Sem essa área, possivelmente não haveria negócio, ou na melhor das hipóteses, os prazos de retorno do investimento seriam muito maiores, e as condições para o clube, inferiores.

Em segundo lugar, existe o fator comercial, e aqui eu descrevo dois exemplos de estádios, um construído e outro a construir, que ilustra o pensamento.

Em 1994, o Ajax possuía uma arena com oferta de 27.000 lugares. A taxa de ocupação média beirava os 100%, com demanda não atendida calculada em cerca de 15.000 torcedores por partida. O Amsterdam Arena foi erguido em 1997, com capacidade de 55.000 lugares. Nos primeiros 10 anos a média de ocupação situou-se na faixa de 48.000 lugares, tendo decaído nas últimas temporadas para cerca de 42.000. Importante lembrar que a área, cedida pela municipalidade na periferia da cidade, era compatível com o porte do projeto.

Há poucas semanas atrás quem apresentou o projeto de seu novo estádio foi o Tottenham Hotspur, tradicional clube do norte de Londres. A capacidade prevista é de 56.250 lugares, e substituiria o centenário White Hart Lane com oferta de 36.000.
O clube hoje possui 70.000 sócios-torcedores, e uma lista de espera de ingressos para a atual temporada acima de 23.000 pedidos, e a área disponibilizada para o empreendimento é de aproximadamente 60 acres (que acredito ser superior a área do Palestra).

Tendo em vista os números acima, comparemos com os números do Palmeiras hoje.

- O atual estádio não comporta mais que 30.000 torcedores (27/28 mil com segurança).
- A média de público no atual campeonato é de 18.047 torcedores.
- O clube hoje não possui um programa de sócio-torcedor que possa embasar uma demanda potencial mais apurada. Utilizar a quantidade de sócios do clube não é válido, pois nem todos são torcedores do clube.
- Como o clube não vende carnês de ingressos antecipados para a temporada, não existe uma quantidade definida e confiável de “lista de espera”.

Assim, analisando os números acima, percebe-se que não existiria segurança HOJE, para viabilizar um projeto de uma arena que dobre a capacidade de lugares ofertados pelo atual estádio. É claro que atualmente existe uma notória e real “sensação” de demanda reprimida, que seria atendida por uma nova arena, mais segura e confortável. Mas de quanto seria essa demanda é um número nebuloso. É preciso ressaltar que quanto maior a arena, mais onerosa é sua manutenção, e se a arena é super dimensionada, o retorno/viabilidade do investimento será prejudicado.

Além disso, é preciso lembrar ao torcedor palestrino que essa nova arena não será a arena para o resto da existência do clube. Dentro de um ciclo de renovação natural, dentro de 40/50 anos no máximo, ela estará em muitos aspectos obsoleta, e o clube certamente já estará planejando a construção de uma nova, que atenda melhor as necessidades do clube no futuro (em outro local),e talvez, com a tão sonhada capacidade para 60 ou 70 mil lugares, quem sabe ?

Com isso, não tenho a pretensão de “convencer” os palmeirenses de que uma arena com capacidade para 45.000 é “melhor” ou “certa”, mas sim de tentar encontrar bons motivos pelos quais provavelmente o projeto preveja 45.000 lugares, e não os sonhados 55/60 mil, até porque, a capacidade de sonhar é uma das principais razões de sermos considerados seres humanos.

Um abraço fraterno em todos.

Strike

Na escalada do poder no futebol europeu, as empresas de apostas continuam arrasando.
A 188Bet acaba de realizar uma proeza. No espaço de 1 semana fechou patrocínios com o Wigan, Bolton, Aston Villa, Chelsea, e por último, o Liverpool.
Os valores nunca são confirmados, o que seria constrangedor e ao mesmo tempo revelador do atual poder financeiro dessas empresas.

Sem plano B

O presidente da CBF declarou nesta quinta-feira que não existe plano B para a cidade de São Paulo. O único plano permanece e continuará sendo o Morumbi.
Bem, os meus 6 dedicados leitores sabem que, em planejamento, não ter um plano B é falha grave, mas a CBF garante que não tem. Audácia ou loucura ?

O que podemos concluir dessa declaração ?

Que o Morumbi, mesmo na ausência eventual das reformas necessárias, será a sede dos jogos em São Paulo. Nesse caso, perderia os anéis da partida de abertura, mas manteria os dedos com partidas de menor importância.

E podemos concluir ainda, que o SPFC precisa se mexer. E rápido. Precisa levantar recursos e fixar um cronograma de obras, ao invés de continuar perdendo tempo com exibições de maquetes e futilidades de marketing.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Os parâmetros da NBA

O valor do ticket médio das franquias da NBA caiu pela primeira vez, desde a temporada de 2001-02. A redução foi de 2,8% e se situou em US$ 48,90 (ingressos comuns, sem direito às chamadas "amenities"), como informa a TMR, Team Marketing Report.

Interessante que nas outras grandes ligas deu-se o inverso. Na NFL, houve aumento de 3,9%, na NHL em 0,1%, e na MLB (turbinada pelas novas arenas de NY)o aumento foi de 5%.

A franquia Lakers foi a que obteve o valor médio mais alto, US$ 93,25, enquanto os Grizzlies o de valor mais baixo com US$ 24,10.

O custo médio para uma família de 4 pessoas tambem caiu 1,4% (pacote que inclui além dos ingressos, 2 cervejas, 4 refrigerantes, 4 hot dogs, 2 revistas de programação, 2 bonés, e o estacionamento), situando-se em U$ 289,87.

Esses números revelam o óbvio. A franquia do estado mais "rico" do país cobra mais, enquanto a franquia de Memphis, um dos mais "pobres" apresenta uma média equivalente a R$ 40, que rivaliza com a média dos ingressos de futebol dos mais "ricos" do Brasil.

Quantas famílias de 4 pessoas aqui no Brasil poderiam gastar R$ 500 em um jogo de futebol ?

Esses são ainda alguns pontos obscuros na equação para viabilizar nossas novas arenas.

Uma gota de planejamento

Uma pausa para comentar sobre uma notícia. Hoje, um diretor do Grêmio Porto Alegrense, declarou que o que atrapalhou o time foi a troca de treinador. Treinador que foi demitido pelo clube. E que está levando o clube para onde se transferiu aos primeiros lugares da tabela.
Será que essa mea-culpa pode inspirar os clubes a melhorar seu planejamento ?
Será que podemos vislumbrar mais juízo por parte desses "profissionais de opereta" que gerenciam grande parte dos clubes brasileiros ?

De repente não é nada não é nada, não é nada mesmo...