Convite

Quero convidar a todos os que prestigiam esse blog, e que se interessam por infra estrutura esportiva, para comparecerem ao Seminário "Gestão de Legados de Megaeventos Esportivos", que se realizará de 1 a 4 de maio, no auditório do Sesc-Rio, Rua Marquês de Abrantes 99, Flamengo. O evento contará com a participação de autoridades e palestrantes nacionais e internacionais de alto nível. As inscrições gratuitas devem ser efetuadas através do site http://www.confef.org.br/. O programa incluirá a apresentação de 24 estudos e pesquisas originadas dos textos que serviram de base para o livro editado pelo Ministério dos Esportes, "Megaeventos e Legados Esportivos", do qual o blogueiro se orgulha de ter participado. Programa imperdível para os profissionais da área e interessados.

O caso do spray misterioso

O Parque Antartica tem se revelado um excelente tema para meus posts. Pena que quase sempre para comentar sobre deficiências crônicas do estádio. O Palmeiras insistiu em jogar lá contra o São Paulo. Como sempre não vou me ater aos aspectos técnicos, se o clube tinha direito ou não, se era conveniente em termos financeiros etc.
Já comentei num post anterior sobre o gramado. O clube informou que gastou (e nesse caso o verbo correto é gastar e não investir...) R$ 400 mil na reforma. Mas apressaram a entrega, jogaram na chuva, fizeram show...
Resultado. Um gramado horroroso e não condizente com a importancia do jogo. No aspecto de segurança um festival de deficiências, entre elas o acesso pelas partes comuns aos espaços que deveriam ser exclusivos das equipes ( o que permite absurdos como o "caso" do spray ).
E agora, de quem vai ser a responsabilidade ? Se encontrarem o culpado, o que acho muito difícil, ótimo, o problema se resolve. Se não encontrarem, pelo absurdo Estatuto do Torcedor, a responsabilidade, pelo spray, pela pêra, ou por uma eventual lata que tivesse sido arremessada no campo, é do mandante do jogo. Que coincidentemente é o dono e gestor do estádio. Aguardemos então o final das investigações, e a punição aos culpados. Mas por favor, que seja rápido.

Tem gente que enxerga

No post que comentei sobre as verdades e mentiras no tumulto ocorrido na entrada de um jogo no Estádio Olímpico na semana passada, recebi muitas mensagens dos amigos que perdem um tempinho lendo meu blog. Alguns discordaram, que bom, alegando que carreguei nas tintas, lembrando do belo trabalho que a diretoria do Botafogo vem fazendo, e etc e tal.
Bem, em primeiro lugar, em nenhum momento critiquei a diretoria do clube, até por reconhecer o esforço extraordinário que vem fazendo. Ouvi do próprio presidente há cerca de 2 meses atrás, que a prioridade inicial é de colocar o estádio em ótimas condições para o time jogar futebol, e que melhorias em busca de uma desejável auto sustentabilidade viriam após. Perfeito. Apenas considerei infeliz a declaração do diretor colocando a "culpa" do tumulto no próprio torcedor, e acrescentando que nada poderia ser feito para evitar. Discordei e dei a alternativa. Pois bem, hoje leio nos jornais que a empresa que opera um dos setores do Parque Antártica, pretende incentivar os torcedores a chegarem mais cedo ao estádio no próximo domingo, oferecendo pipoca e sorvete de graça, além de promoções com camisas, aos que chegarem ao local entre 13 e 14 horas. Então ? Como é que não tem solução ?
Precisa apenas de criatividade. E ser do ramo.

Quem se habilita ?

A imagem acima é de hoje. É esse o atual estágio de construção da nova mega arena do Dallas Cowboys, que será inaugurada em 2009, ao custo de aproximadamente US$ 1,1 bilhão. Cobertura móvel, portas retráteis em vidro contínuo de quase 40 metros de altura e 60 de largura, telões de 60 metros de comprimentro por quase 20 de altura, 30.000 vagas de estacionamento, 1.600 toilets e 286 pontos de venda de comida/bebida, serão algumas das características marcantes dessa obra gigantesca. O proprietário da franquia e do equipamento, Jerry Jones, revela seus planos de negociação dos "naming rights", que certamente ajudarão a financiar uma boa parte do investimento.
"Estamos desenvolvendo contatos com várias empresas entre as 500 maiores do mundo. Tão importante quanto os valores envolvidos, será trabalhar com uma empresa de perfil financeiro sólido e que possua uma marca de alcance mundial".
O prefeito de Arlington, cidade sede do empreendimento, especulou sobre a possibilidade da AT&T ser a empresa escolhida, apesar da veemente negativa da empresa, que já coloca seu nome em outras 6 arenas esportivas nos Estados Unidos. O "lob" da prefeitura se justifica pois a AT&T tem sede em San Antonio, no mesmo estado, e já investe generosamente na região.
O porta voz dos Cowboys, diz apenas que várias negociações estão em curso e que a operação de "naming" é parte fundamental no projeto da arena.
Especialistas locais apostam num valor recorde nesse tipo de operação, que hoje está em US$ 400 milhões por 20 anos de contrato, celebrado por 2 grandes projetos em construção. O maior valor da NFL pertence ao Houston Texans, que recebe US$ 310 milhões da Reliant Energy por 31 anos de contrato.
A expectativa se justifica, já que o Cowboys é considerada pela revista Forbes a franquia esportiva de maior valor mundial, US$ 1,5 bilhão, e atua num dos mercados "top five" de mídia.

Enquanto isso no Brasil...

Tumulto na entrada dos jogos: verdades e mentiras

Ontem o Botafogo jogou no estádio Olímpico pela Copa do Brasil. Mais que o jogo em si, o que mais chamou a atenção foi o tumulto provocado antes do jogo pela torcida, que enfrentou problemas para entrar no estádio. Segundo o Diretor de patrimônio do clube, a culpa foi da própria torcida, que chegou em peso apenas 20 minutos antes do início da partida. Alegou que infelizmente é um fator cultural, e que é impossível para qualquer arena ingressar 20 mil pessoas em seu interior em apenas 20 minutos. Será ?
Vamos às verdades. O brasileiro tem o hábito de chegar aos eventos em cima da hora, de comprar as coisas em cima da hora, e de decidir as coisas em cima da hora. É verdade. Esse comportamento tem inclusive prejudicado as vendas antecipadas de carnês de ingressos, exatamente pelo hábito do brasileiro de decidir a compra no último instante. Outra verdade é a impossibilidade de, face a esse tipo de comportamento, montar uma estrutura de pessoal superdimensionada pela simples expectativa da chegada da maior parte dos frequentadores há poucos minutos do início da partida. É óbvio que para uma arena com 45.000 lugares, seria loucura construir 1.000 "catracas de acesso", e manter 500 bilheteiros de plantão.
Reconhecidas as verdades, agora passemos às mentiras. E, de cara, a maior delas é: nada pode ser feito em relação a isso. Mas claro que pode !!!
E só existe uma forma que qualquer gestor de arenas com um mínimo de competência conhece: Oferecer opções de lazer que incentivem os torcedores a chegar mais cedo ao estádio. Como convencer o torcedor a chegar com 2 horas de antecedencia num estádio vazio e carente de qualquer opção de entretenimento ou de serviços ? Apelando para a consciência de evitar tumultos ? Não me façam rir.
No caso específico do estádio do Botafogo, se o clube não montar urgentemente uma estrutura de entretenimento e serviços que pelo menos rivalize com as opções que são oferecidas pelo shopping que se localiza a uma distancia de 10/15 minutos a pé, os tumultos serão rotina, e se tornarão mais um forte fator de desestímulo, além da falta de estacionamento (que o shopping tem de sobra...), já que uma boa parte dos torcedores irá continuar estacionando seus carros, consumindo e se divertindo no shopping até bem perto do início da partida. Quem faria diferente ?
Para aqueles que acompanham meus posts desde o início, eu repito a pergunta que fiz num deles em fevereiro: Voces acham que existe interesse dos clubes em ter nos seus quadros um profissional especialista em gestão de arenas esportivas ? Para mim a resposta continua sendo NÃO, e os exemplos estão na mídia todos os dias.

A velha ilha e o eterno problema dos custos

Devemos muito ao Reino Unido. Para começar inventaram a nossa grande paixão. Só isso já bastaria para que os reverenciássemos para o resto de nossas vidas. Mas eles fizeram mais. Foram os pioneiros na regulação esportiva e de eventos, através de Códigos de Segurança, que se tornaram exemplos mundiais. E se não bastasse, ainda foram os responsáveis, na virada dos anos 90, pela grande revolução na construção de estádios de futebol dentro dos novos conceitos que pautaram os projetos do futuro. Mas convenhamos. Controle de custos não é com eles. Primeiro foi o projeto do novo Wembley. Chamar de vergonha é pouco. Seria a jóia da coroa de uma hipotética Copa de 2006 na Inglaterra, pois deveria estar concluído em 2005 para o evento teste. Ficou pronto em 2007. Já pensaram se a Copa tivesse sido lá, que vexame ! O orçamento inicial era de 450 milhões de libras. Saiu pelo dobro. E olhem que, em termos de tecnologia, não tem nada do outro mundo. Na construção aconteceu de tudo. Desapropriações complicadas ( e indenizações polêmicas...), acordos trabalhistas mal negociados acarretando uma infinidade de greves, uma das construtoras faliu e outra licitação precisou ser feita, uma das estruturas principais - o arco monumental - teve que ser refeita, por falha no projeto, e por fim, o gestor geral do projeto pediu as contas.
Resolvi escrever sobre os súditos da rainha, porque me chamou a atenção um relatório da ODA - The Olympic Delivery Authority - emitido essa semana sobre a evolução dos custos de alguns equipamentos que estão sendo construídos para sediar os Jogos Olímpicos de 2012, e que é de cair o queixo. Por exemplo. O Parque Maria Lenk deles, que havia sido orçado em 2004 em 75 milhões de libras, vai sair por 272 milhões ( + de 300% de aumento !!! ). Eles informam que houve grandes mudanças no projeto, pois tiveram que construir um prédio não previsto para adaptá-lo a utilização pública. Com isso o projeto precisou ser compactado, ou seja, precisou ocupar uma área menor (???). Vocês entenderam ? Nem eu. Alem disso, ocorreu uma inflação nos custos de construção, e aumentos significativos nos impostos. Mas a ODA garante que apesar disso tudo continua dentro do orçamento geral de 6,09 bilhões de libras ( que por sinal já tinha sido reforçado em 1,5 bilhão nos ultimos meses...).
Fechando o relatório, uma declaração da gloriosa "Olimpics Minister" Tessa Jowell: "O centro aquático e o estádio olímpico serão os equipamentos diferenciais para 2012, e eu estou encantada por estarem sendo construídas por empresas britânicas".
Well, fazendo uma conexão com a nossa terrinha, isso lembra a vocês alguma coisa ?

Como o tema é importante, voltaremos a ele em outra ocasião.

Progresso para a Copa de 2010

A reforma do Estádio Royal Bafokeng em Phokeng, no municipio de Rostenburg, África do Sul, visando a Copa de 2010, será concluída em Novembro, antecipando o prazo original em 1 mês. Ezzy Seabelo, Diretor de Desenvolvimento do Royal Bafokeng Sports, se revela satisfeito com o apoio que vem recebendo do Governo de West North e do Município de Rustenburg nas obras.
“Uma das coisas que estamos fazendo como parte do processo de upgrading é o aumento da capacidade de assentos de 39.000 para 45.000, na preparação para a Copa das Confederações em 2009 e para a Copa do Mundo no ano seguinte."
“Tambem haverá um telão de ultima geração e displays eletronicos de publicidade em volta do campo. Os toilets, vestiários, ambientes especiais para mídia e VIPS tambem estarão reformados. Estamos ainda aumentando a área de estacionamento e alargando avenidas que conduzem ao estádio."
"A arena estará equipada para ser usada em diversos tipos de competições como torneios de tenis, natação, netball, e basquete. O estádio tambem será a casa do time de futebol do Platinum Stars, e do Platinum Leopards Rugby Club. Bafokeng, proprietários do estádio, demolirão uma escola adjacente ao estádio para a criação de mais áreas de estacionamento e construção de um centro de mídia para a Copa do Mundo. A escola será realojada na Tumagole High School na mesma área até o mes de junho."

Que pena !

Finalmente conseguimos. Depois de enorme perda de tempo com projetos, engenharia financeira, entraves burocráticos e levantamento de recursos, o Brasil está preparado para promover a Copa no próximo ano. Vamos poder testar os equipamentos na Copa das Confederações que começa no próximo mês, e corrigir eventuais problemas. Dispomos hoje de pelo menos 12 arenas modernas, confortáveis e seguras capazes de acolher da melhor forma, torcedores, imprensa e jogadores para aquela que certamente será uma Copa inesquecível. Melhor assim. Temos ainda viva na memória, o sufoco que passamos com as obras das instalações para o Pan de 6 anos atrás. Obras atrasadas - alguns equipamentos nem puderam ser testados - angústia geral, enfim, parece que finalmente o brasileiro aprendeu a planejar e cumprir cronogramas. Como é bom perceber que o futebol brasileiro atingiu um nível de profissionalização e de capacitação dos seus dirigentes capaz de promover essa verdadeira revolução na infra estrutura esportiva do país.

Sim, é primeiro de abril. Que pena !