terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os reis da bolha

Há pouco tempo atrás a revista Forbes decretou. A marca esportiva mais valiosa do mundo é do Manchester United, avaliada em U$ 1,7 bilhão. Pois bem, essa semana a empresa Prime Time Sports, da Espanha, divulgou dados sobre os maiores faturamentos de clubes europeus na temporada 2008/09. E vejam só, o número 1 foi o Real Madrid, com 407 milhões de euro, seguido do Barcelona com 366, Arsenal com 357, e o Manchester United com "apenas" 317. Outro dado interessante é que os grandes europeus na janela de contratações de 2009 gastaram 112 milhões de euro em contratações, uma redução de 66% em relação ao ano anterior.
Os donos do Manchester por exemplo, marca mais valorizada pela Forbes, teriam recebido há poucos dias uma oferta de compra de £ 1 bilhão, apesar da redução das receitas em 15% e do endividamento geral em torno de £ 600 milhões.
Que esses times perderam bastante fôlego é visível, pois os recursos para contratações diminuíram consideravelmente, e a necessidade de vender jogadores para fazer caixa e enxugar a folha de pagamentos é notória.
Tendo a acreditar que aos clubes que possuem grande endividamento, melhor que adotar medidas economicas clássicas de gestão financeira, é trabalhar alavancado e manter a pipa voando, por mais incoerente que isso possa parecer.
Mas quando essas bicicletas pararem de girar os efeitos serão devastadores. Vai ser uma tsunami.

Estou preparando um outro post aplicando essa minha idéia aos nossos grandes e falidos clubes tupiniquins.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A armadilha da Copa

Caros leitores fiéis. Volto do feriado momesco e não resisto a comentar sobre a notícia de que a Fifa manteve sua avaliação sobre o Morumbi, classificando-o como apto apenas para jogos de menor importância na Copa de 2014, ao contrário do que os dirigentes do clube divulgaram dias atrás.
Para o assunto do post não parecer deslocado, recordo aos meus leitores um outro, de 26/08/09, titulado de "Absurdos da Copa 2014 II", em que eu comento sobre a forma como os dirigentes do São Paulo vinham conduzindo o assunto "reformas do Morumbi".
Pois 6 meses se passaram e nada mudou. Os dirigentes são paulinos continuam apostando que, por falta de opções, e pela inevitabilidade de que a cidade de São Paulo seja sede da próxima Copa no Brasil, eles irão "enrolar" as reformas necessárias a um ponto crítico tal, que "obrigue" a Prefeitura, o Governo estadual, o Federal, a CBF, e a Fifa, a rever as diversas exigências, relaxando-as claro, e de quebra oferecendo algumas vantagens que certamente envolverão o bolso do contribuinte.
Joguinho perigoso esse.
Para isso resolveu, em vez de partir sériamente para resolver os problemas do estádio, que são muitos, seja na busca de investimentos privados ou até desistindo do oferecimento do estádio e transferindo o problema para as esferas municipal e estadual (o que seria aliás bastante honesto),resolveu investir em ações fúteis de marketing, e táticas de contra-informações (esse foi um termo elegante que encontrei...).
Mas a verdade é que o clube e seus dirigentes caíram numa grande armadilha. Seduzidos pela oportunidade de consolidadem o prestígio angariado pelo clube nos últimos anos, dentro de campo e fora, sendo inclusive considerado como referencia de gestão no Brasil, o sucesso parece que subiu à cabeça dos cartolas, e essa mistura de ego e soberba empurrou o clube para a atual arapuca.
Os dirigentes certamente apostaram todas as suas fichas na repercussão positiva que ter o seu estádio como abertura e local de alguns dos mais importantes jogos de uma Copa do Mundo poderiam significar para o futuro do clube. Exposição mundial, valorização da marca, maiores patrocínios, aumento de torcida e de receitas em geral, e etc. E tome marketing. Entretanto os dirigentes do clube avaliaram mal algumas questões. Lançaram-se ao mar numa jangada pensando tratar-se de um transatlântico. Imaginaram que os recursos privados seriam fartos, mas a crise mundial mostrou que não seria bem assim. Sem os investidores privados, o que restou ? Pressão política para tentar convencer a Fifa a aprovar o estádio para a abertura apenas com um pouco de "blush" na velha estrutura, pressão para investimentos pesados do poder público que não necessáriamente são prioritários para a cidade, e pressão para que um eventual financiamento via BNDES seja efetuado de forma direta, sem intermediação do mercado, o que seria uma exceção inaceitável.
Assim, inebriado nessa ilusão, o clube aos poucos parece perceber que caiu numa armadilha clássica. Qual ?
Em dezembro de 2009, a Casual publicou um estudo sobre o endividamento dos clubes brasileiros. E para surpresa de muitos, o SPFC aparece como o mais endividado entre os grandes paulistas, com dívidas de R$ 143 milhões. Se equacionadas ou não, o estudo não entra no mérito. Mas é o número da dívida.
Agora meus leitores, façam as contas comigo. Imaginando que a essa altura do campeonato a única alternativa disponível de recursos é o BNDES, de quanto seria o valor do financiamento necessário para viabilizar o Morumbi para a abertura da Copa ? Arrisco, com poucas possibilidades de erro, que pelo menos R$ 250 milhões. Fizeram a conta ? Pois é, garanto que os dirigentes são paulinos tambem fizeram. Tomar esse empréstimo significa elevar a dívida do clube no médio prazo a estratosféricos R$ 400 milhões (em números absolutos, sem contar o carregamento da dívida), o que tornaria a gestão financeira do clube caótica, e comprometendo as finanças do clube por décadas.
Será que o orgulho de sediar a abertura da Copa e a maior visibilidade futura, compensam essa insanidade ?
Essa dúvida certamente tambem tira o sono dos dirigentes de Internacional e Atlético-PR.
O pecado de dar um passo maior que as pernas pode lançar no abismo 3 dos clubes atualmente melhor geridos do país.

Mas pelo menos os dirigentes colorados e rubro-negros levam a vantagem de não terem se imposto o peso de abrir a Copa.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Aniversário do blog

Na próxima segunda,15/02, este blog completa 2 anos no ar. Obrigado a todos que em algum momento passaram por aqui, comentando ou apenas espiando, e especialmente aos meus fiéis 6 seguidores assíduos. Espero que daqui 2 anos eu possa mais que dobrar esse número, quem sabe.

Nesse período recebi mais de 800 mensagens via blog ou mail, que, considerando o ainda restrito tema tratado e zero de publicidade, representa uma grande vitória.

Um abraço em todos, bom carnaval, e na volta retornamos aos debates.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Encruzilhadas do tenis brasileiro

Depois da era Guga, o tenis brasileiro passou por um largo período de ressaca. Muitos jogadores apareceram, mas poucos vingaram como potenciais protagonistas em nível internacional. Possivelmente, entre os que não vingaram, talvez estivesse algum bom jogador que sucumbiu ao peso das expectativas pelo aparecimento de um novo Guga. Recentemente passamos por um momento que nos pareceu ser o fundo do poço. Uma derrota dolorosa e humilhante para o inexpressivo Equador, cuja estrela maior é um jogador de passado brilhante, mas hoje com idade avançada e claramente decadente.
Porém, pouco tempo depois desse fato, vivemos hoje um momento bem distinto daquele. Um tenista que vem de uma boa conquista no circuito que o coloca entre os 30 melhores ranqueados, e boas participações de alguns juvenis, sendo que um deles acaba de conquistar o Australian Open da categoria.
Em cima disso, confesso que esperava mais do nosso torneio maior, o Aberto do Brasil, ora em disputa. Esperava sobretudo, um interesse maior do público. Então, qual a razão de arquibancadas tão vazias ? De jogos disputados em horários tão ruins, e com um certo clima melancólico ?
De certo as razões são várias. Vou opinar sobre uma delas. Ao nosso tenis, ao contrário do futebol por exemplo, faltam palcos. Históricamente não conheço nenhum esporte em qualquer canto do planeta, que tenha se desenvolvido sem que grandes palcos tenham sido construídos para ele.
Foi assim na década de 20 do século passado, quando o surto desenvolvimentista pós primeira guerra mundial, propiciou a construção, por exemplo, de Wembley e de San Siro na Europa, e de grandes estádios de beisebol nos Estados Unidos. O reflexo no desenvolvimento dos dois esportes foi notável.
Aqui no Brasil, o que representou para o nosso futebol a construção do Maracanã ?
Eu percebo que o tenis brasileiro pensa muito, e justamente, numa política nacional de formação de bons jogadores, mas se esquece um pouco da nossa paupérrima infra estrutura. Os torneios no Brasil continuam sendo disputados predominantemente em tradicionais clubes fechados, quando algum raro evento internacional acontece, em alguma arena adaptada tipo Ibirapuera, Maracanãzinho, Gigantinho etc, ou em arenas temporárias com cara de coisa improvisada. Não temos nenhum complexo tenístico de porte para a realização de grandes torneios. O citado Aberto do Brasil vem sendo patéticamente disputado nas quadras de um resort distante dos grandes centros, e á mercê do interesse efêmero de seus hóspedes (que via de regra não estão hospedados lá por causa do torneio...).

É evidente que esse produto está mal trabalhado, mas além disso, sinceramente, não acredito que o tenis brasileiro se desenvolva sem que alguns grandes palcos sejam construídos para ele.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Revés na jogatina

A jogatina internacional sofreu um revés. O Milan decidiu substituir a marca Bwin pela Fly Emirates no patrocínio frontal de sua camisa. Aproximadamente R$ 170 milhões em 4 anos de contrato.
Com essa perda, a "tubarona" da jogatina virtual vai partir para tentar seduzir alguma outra grande vitrine internacional para substituir essa perda.

Deve ter muito clube daqui e de lá sonhando em virar vitrine de site de apostas.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Histórias infelizes

A Inglaterra definitivamente está na moda. No Brasil pelo menos. Já me chamaram de inimigo público nº 1 da escola inglesa de gestão esportiva, o que é um exagero. É que eu apenas não compartilho do entusiasmo de muitos com tudo que envolve os esportes da ilha. Não gosto do estilo ingles de futebol (acho que nem eles gostam pois quase aboliram os nativos de seus times...), não sou fã ardoroso da gestão de projetos deles (eles colecionam fracassos monumentais nessa área), e sou adversário feroz do modelo ingles de gestão de clubes. Reconheço que possuem alguns players de equipamentos esportivos e de gestão de arenas muito bons, mas, a mim pelo menos, isso não é razão para tanta empolgação.
Que justifique, por exemplo, a contratação de Tony Blair como consultor da Rio-2016. Para que ? lob ? Mas nisso nós já somos bons.
Outro fato da semana que exemplifica minha implicância, foi a nova venda do Portsmouth. Em 1 ano, o clube trocou de mão 4 vezes !!! Ahhh, mas é um clube pequeno...E o Liverpool, agonizante ? E o Newcastle, rebaixado e desesperado sem encontrar comprador ? E o Manchester United com suas dívidas colossais e os sócios americanos loucos para passarem o clube adiante ? É...o clube mais valioso do mundo segundo a Forbes...
Esse modelo ingles de gestão está falido. Consolem-se as viúvas, e poupem o dinheiro das carpideiras. Não vale a pena chorar por ele.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Maldição brasileira

Não se impressionem, meus 6 fiéis seguidores, com o título do post. Eu bem sei que nosso pobre país padece de muitas maldições. Políticas, sociais, culturais, e esportivas, porque não ?
Dentre as várias maldições do nosso sofisticado cardápio, uma delas me causa especial repulsa. É o talento do nosso povo, para desvirtuar o espírito e o consequente objetivo de determinadas leis. Leis de qualquer tipo. Sejam elas para punir, para normatizar ou incentivar. Porque desde o momento em que são implementadas, um verdadeiro batalhão de especialistas, principalmente consultores financeiros e jurídicos, e contadores, debruçam-se sobre elas buscando orientar seus clientes, onde estão os atalhos, as vírgulas, os pontos cegos, enfim, as possibilidades de burla, da legislação recém nascida. Ou seja, descaracterizar o espírito com que foram concebidas, e usá-las para outros propósitos.
O fato que me inspirou a escrever esse post, foi o progressivo descortinamento do processo licitatório da Fonte Nova. Vamos aos acontecimentos.
O governo baiano decidiu que gostaria de ser uma das sedes da Copa 2014. Decisão política. Desejo satisfeito, passou para a segunda etapa. Construir (ou na verdade reconstruir)a nova Fonte Nova. Mas, seria o novo equipamento viável economicamente ? Em uma primeira análise, verificando os atuais valores de ticket médio e frequência dos 2 grandes clubes locais, seria, desde que ambos os clubes adotassem a nova arena para mandar seus jogos durante uns bons anos. Entretanto, pelo que se tem noticiado, esse acordo não foi fechado. Tanto Bahia como Vitória, não tem se mostrado dispostos a trocar Pituaçu e Barradão pela nova arena. E se isso não aconteceu, como estimar as futuras receitas e, consequentemente, determinar a viabilidade econômica do projeto ? Não olhem para mim porque eu não sei responder.
Mas afinal, para que viabilidade econômica, se a construção foi decidida por uma decisão política, não é mesmo ?
Passemos pois a próxima etapa. Decidir qual seria o modelo de financiamento do equipamento. Contrata-se uma consultoria badalada, que após análise das opções, aconselha o governo baiano a adotar o modelo de PPP administrada. E é justamente a partir daí que a "porca torce o rabo". Ora, qual o espírito em que foi concebida a lei que regulamenta as Parcerias Público-privadas, as ditas PPP's ? Que o poder público, face à urgência e necessidade estratégica de grandes projetos de infra estrutura, e sem recursos para implementá-los, pudesse se associar com parceiros privados e com capital disponível, para suprir essas necessidades do estado. Assim, se o projeto é economicamente viável, o parceiro privado se remunera pelas receitas que irá gerar, se não é lucrativo, mas necessário, o parceiro privado funciona como um "financiador" e é remunerado através de contrapartidas mensais ao longo de determinado tempo. Uma idéia simples e bem urdida. Mas se meus atentos leitores repararam, o tal "espírito" de que falei, imagina projetos, ou economicamente viáveis, ou estratégicamente necessários. Então como fazer para enquadrar a construção de um equipamento economicamente inviável, e não tão urgente e necessário ? Foi aí que a consultoria contratada "interpretando o verdadeiro espírito da lei", tratou de perceber que a lei não obriga que as coisas funcionem dessa forma. Que a lei permite sim, que a construção de projetos inviáveis e desnecessários possam ser objeto de uma PPP. Com o "parecer" nas mãos, o governo colocou em marcha o passo seguinte, que foi a escolha do parceiro privado através de uma licitação. Tudo perfeitamente transparente e legal. E então, após o resultado da licitação, em que apenas um consórcio participou, estamos sendo informados que as possíveis contrapartidas a serem repassadas ao consórcio durante 15 anos, podem chegar a quase 3 vezes o já imenso custo original do projeto. E aí voltamos ao tal espírito, e fazemos as tradicionais perguntas que não querem calar. Porque um consórcio privado decide participar de um projeto comprovadamente inviável economicamente, já que se o projeto fosse bom o consórcio proporia ao governo bancá-lo e explorá-lo sem necessidade da contrapartida ? Porque se permite que uma PPP seja utilizada para viabilizar um projeto inviável e fruto de uma decisão unicamente política ? Quem está lucrando com isso ?

A verdade é que a posição do consórcio é bem confortável, já que o dinheiro investido na arena retornará atualizado independentemente do sucesso do empreendimento. Assim é fácil.

Quem souber as respostas, por favor queiram enviá-las.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

31 de janeiro de 2010 fez história

Ontem, domingo, um novo capítulo das transmissões esportivas foi escrito. A Sky Tv inglesa, dona do contrato de transmissão dos jogos da Premier League, pela primeira vez na história transmitiu um jogo de futebol em 3D. Arsenal x Manchester United, foi transmitido para 9 pubs de várias cidades do Reino Unido(Londres, Manchester, Cardiff, Dublin e Edinburgo). A Sky transmitiu a partida com 2 equipes e cameras de transmissão independentes, pelo HD convencional e em 3D. A partir de abril a Sky Sports inaugurará um canal exclusivo de transmissões esportivas em 3D, no que se prevê uma nova revolução no setor.
Quem acompanha esse blog percebe a progressiva e rápida investida das mídias televisivas na tecnologia 3D, e recentemente "bombadas" pelo estrondoso sucesso de Avatar nos cinemas de todo o mundo.
Acredito que até 2012 o Brasil estará nesse clube.