quarta-feira, 31 de março de 2010

A fulanização do debate

Li outro dia uma declaração interessante. Alguem, confesso que não recordo o nome, dizendo que cumprir determinadas exigências da Fifa durante as obras dos estádios sul-africanos foi uma terrível experiência. E encerrava, aconselhando os brasileiros: "Não façam a Copa para a Fifa. Façam para o povo".

Está aí algo interessante. Para quem devemos fazer a Copa ?

Para a Fifa ?
Para o povo ?
Para as empresas que irão lucrar com os negócios gerados pela Copa ?

Eu acho divertido, perceber a obsessão de muita gente em responder essas perguntas. De um lado, aqueles que vêm a Fifa como senhora dona de nossos destinos, que não pode ser contrariada em seus desejos, e que se assim for, fará isso e aquilo, vetará sedes, acrescentará outras, e etc e tal. Outros, trazem para o debate a visão da "social-esportividade". A Copa é do povo, para o povo, para seu regozijo e alegria. E ainda outra corrente, defende que, acima de tudo, a Copa vai trazer divisas, e que em nome disso, tudo ou quase tudo se justifica.

Eu acredito que nessa vida, nem tudo é mentira, e nem tudo é verdade. Maniqueísmos em geral não contam com minha simpatia. A Fifa é a dona do produto, sem dúvida. Cabe a ela zelar pela sua boa organização, que seja segura, que seus parceiros comerciais sejam respeitados, que seja um evento de sucesso, e consequentemente, seja muito lucrativa. Justo. E só.

Do povo se espera que aproveite a Copa para desfrutar de um grande mega evento ao vivo, oportunidade única na vida para muitas pessoas de algumas gerações. Isso não significa que em nome dele, loucuras sejam cometidas, procedimentos duvidosos acobertados, e mazelas ignoradas.

Das empresas que investirem no evento da forma que for, que ofereçam bons produtos e serviços, que cobrem o justo, e que lucrem com isso. Sem favorecimentos, sem negociatas.

Pois eu acho que devemos é pensar na renovação da nossa infra estrutura de arenas esportivas. Construir estádios viáveis economicamente, que possam gerar ótimas receitas aos nossos clubes, e que proporcionem entretenimento confortável e seguro aos nossos torcedores.

Se a Fifa vai fazer beicinho, ou se as empresas vão lucrar muito mais ou um pouco menos, paciência.

Existe muita demagogia, e muita briga de torcida nessa discussão.

terça-feira, 30 de março de 2010

Made in Paraguay

Ontem o presidente da Associação Paraguaia de Futebol, Juan Angel Napout, declarou o seguinte:

"Eu falei com o Ministro do Esporte Paul Reichart sobre os planos para a construção de estádios por todo o país, para a criação de empregos e opções de lazer para as pessoas jovens", e completou:
"Temos que mirar o exemplo da Venezuela que investiu mais de US$ 1 bilhão em infraestrutura esportiva".

Será que o nobre cartola paraguaio sabe qual foi o destino dos estádios construídos pela Venezuela para a última Copa América ? Será que ele sabe o destino dos estádios construídos na virada dos anos 70 aqui no Brasil ?

Saber ele sabe, mas não importa. Essa desculpa de gastar milhões em projetos inviáveis, para prover empregos e "desenvolvimento", é do tempo das pirâmides.

Pelo jeito, vem aí o PAC 1 paraguaio.

quinta-feira, 25 de março de 2010

E agora seu prefeito ?

A primeira vez que entrei no Estádio Olímpico João Havelange foi em agosto de 2007, portanto pouco tempo após a realização dos jogos Pan Americanos.
Foi num evento para lançamento de uma campanha do Ministério do Esporte nas escolas públicas. Confesso que meu interesse não era o evento em si, mas sim a possibilidade de conhecer as instalações do estádio com calma.
E o que vi não me agradou nem um pouco.
Era nítida a "pressa" na conclusão das obras. Com apenas 2 meses de concluído, algumas mazelas eram visíveis. Infiltrações e rachaduras nas rampas de acesso, muitas poças acumuladas (uma chuva forte havia acontecido 1 semana antes) revelando a fragilidade dos sistemas de "caimento" e escoamento internos, e principalmente, um acabamento final assustadoramente "pobre". Os camarotes ainda estavam em fase final de acabamento mas já se revelavam inadequados (inacreditávelmente divididos por paredes de tijolos, não permitindo a flexibilização das áreas), e com os assentos externos no mesmo padrão de conforto dos demais assentos do estádio (setor Vip ?!?!). Os assentos das arquibancadas imundos por dejetos de pombos (o estádio para quem não sabe é um grande pombal)dando péssima aparência geral.
Os "telões" chamaram minha atenção pela baixíssima qualidade dos equipamentos "made in China", assim como os sanitários, onde a falta de louças individuais e a presença de um constrangedor mictório coletivo (instalado no nível do pé das pessoas !!! ) contrastavam com uma ridícula "tira" de granito a meia altura ao redor das paredes, produzindo uma falsa idéia de luxo e requinte de acabamento. Nada mais falso.

Uma semana após minha visita, e após mais uma chuva intensa, um muro interno simplesmente "caiu de maduro". Desabou, do nada.

Portanto, o Engenhão foi construído assim. Nas "coxas" como dizia meu avô. Cronograma atrasado, turnos de 24 horas durante os últimos meses, o resultado final é reflexo desse mix de falhas na gestão do projeto com "barateamento" dos custos.

Registre-se ainda, que o gramado entregue ao Botafogo quando este assumiu a gestão do estádio, era inadequado até para peladas de várzea.

O que estamos vendo agora, é uma consequência natural do desgaste prematuro da estrutura tendo em vista a forma como foi construído e equipado. Se o clube precisa arcar com esse pepino ? Mas a obra não possui "garantia" por parte do consórcio construtor de 5 anos ?. Ainda não se passaram 3.

O consórcio portanto terá que se "virar nos 30" para resolver esses problemas, mas não só ele. A prefeitura tambem é responsável no momento em que instalou equipamentos (como os telões por exemplo) toscos e baratos, e permitiu que o consórcio construísse o equipamento dessa forma.

Ou a prefeitura não fiscalizou a construção ??? Contem outra.

Obs: Atualização em 26/03

Vários mails chegaram citando outras mazelas do estádio. O objetivo do post não foi o de fazer um inventário dos problemas, que são vários, inclusive em relação ao projeto arquitetônico e, principalmente, ao modelo de negócio, que simplesmente inexiste. Entre aqueles que não citei e que vale o registro, é o da estrutura metálica da cobertura. Foi feita de ferro, mas SEM galvanização, ou seja, corrosão à vista.

Para acompanhar

Foi criado um site para divulgação de informações e acompanhamento das obras da nova arena do Grêmio.

O endereço é www.arena.gremio.net

segunda-feira, 22 de março de 2010

Imagens embaçadas

Tenho ouvido e lido muitas reclamações em relação a qualidade de imagens dos "telões" do Estádio Olímpico no Rio.

Bem, eu já me relacionei com grandes multinacionais dessa área e sei exatamente a diferença de qualidade entre um Fusca e um Land Rover.

Se vc faz um orçamento para comprar o segundo, mas acaba comprando um Fusca chinês por 10% do valor, o resultado não pode ser diferente. Imagem sem definição, recursos digitais escassos, e a durabilidade óóóóó...

Nesse segmento não existe milagre. Principalmente se vier da China. Enquanto isso lá fora...

sexta-feira, 19 de março de 2010

A Fifa aprovou o Morumbi. E daí ?

Dona Fifa deu o "sim" ao novo projeto do Morumbi para 2014. Recebi inúmeros mails de pessoas que estavam engasgadas com minhas constantes críticas à conduta da direção do SPFC em relação ao assunto.
O pessoal enviou mensagens iradas e algumas impublicáveis.

"Tá vendo mané ??? O São Paulo é maior que tudo!"
"Querem derrubar a locomotiva do Brasil, mas não vão conseguir!"
"Pronto, agora pode parar de falar besteira"
"Nem conhecia o projeto e ficava escrevendo bobagens, e agora ?"

Pois eu sinto ter que contrariar a todos.

Apesar de tentar explicar que nada tenho contra o clube, a cidade, ou que faço campanha sistemática contra o estádio, algumas pessoas tem dificuldade em separar as coisas. Consequências da paixão.

Mas o que importa, é que essa declaração do secretário-geral da Fifa sobre o Morumbi, pouco importa.

Porque para ser aprovado, o projeto sofreu modificações expressivas, e que exigirão maiores recursos. E esse é o ponto crítico. A fonte dos recursos.
Procedimentos como rebaixamento da área de jogo em 3 metros, eliminação do anel inferior, e cobertura total para os torcedores, entre muitos outros, farão os custos beliscar os R$ 300 milhões.

Ou seja, nada mudou. O mais simples era refazer o projeto no papel e satisfazer a Fifa. Isso é fácil. Sempre foi. Mas em que a aprovação do projeto para ser a abertura da Copa modifica a situação ? Ficou mais fácil construir o estádio ? Ficou mais fácil obter os recursos ? A resposta continua sendo não.

Recursos próprios o clube não dispõe. Os investimentos privados ainda não apareceram. O poder público já vai investir muito no entorno, mas não poderá fazê-lo no equipamento. Sobra o BNDES. Que para emprestar precisa avaliar a viabilidade econômica, garantias etc, e oferece prazo de apenas 12 anos para pagar. Será que o clube vai realmente meter a mão nessa cumbuca ?

Lamento, sei que irei receber mais e-mails mal-criados, mas o ponto de interrogação sobre a sede paulista continua.

quarta-feira, 17 de março de 2010

As catracas do mal

No último domingo, no clássico Flamengo x Vasco, apenas 15 das 105 catracas de acesso do Maracanã funcionaram. Com 30 mil pagantes, a confusão era óbvia.
A Suderj notificou a Federação Carioca sobre o ocorrido. A Ferj notificou Flamengo, Vasco e Fluminense que mantem convenio com a BWA, operadora do sistema, que não ocorrerão jogos no estádio enquanto providências não sejam tomadas. As partidas marcadas foram remanejadas.

A BWA opera em vários estados. Em todos eles mal. Há muito tempo.

Então porque esses clubes insistem em contratá-la ? O que será que existe por trás disso ?

Existem tantas empresas com sistemas e serviços de altíssima qualidade mundo afora e loucas para entrar no mercado brasileiro, mas porque será que os nossos clubes insistem no "BWA Advanced System" ???

Quem escrever o que estou pensando, eu nego.

E o investidor ?

Só um breve comentário sobre a "mensagem" do "imperador" após o gol do último domingo.
Interessante como a nossa imprensa esportiva, salvo raras exceções, é tão "amadora" quanto a maior parte dos jogadores, que por incrível que pareça, enchem a boca para se auto-intitularem "profissionais".
Talvez eles sejam profissionais sim, mas apenas no momento de discutir salários, e transferências. A partir daí, o profissionalismo acaba.
Pois o "imperador" fez o gol, correu para as cameras, e, de forma bem profissional, levantou a camisa com a marca do patrocinador (que é quem paga seu salário), para exibir uma camiseta com meia dúzia de bobagens.
Não li em nenhum lugar na imprensa, sobre esse esbulho contra quem coloca recursos no futebol, apenas discussões filosóficas sobre o "sentido" da mensagem do jogador.

E o patrocinador, que há pouco tempo despejou milhões no clube, como fica ?

Uma sugestão aos coordenadores dos cursos de jornalismo esportivo espalhados pelo país. Aumentem a grade de matérias como Marketing Esportivo, a Industria do Esporte, ou a Economia do Esporte.

Por outro lado, as próprias empresas não cobram maior profissionalismo na obrigação dos contratos, assim como os clubes passam a mão na cabeça dos jogadores, e tambem nada cobram. E la nave va.

O futebol deixou de ser apenas um esporte há muito tempo, mas uma boa parte dos atores que gravitam em torno dele ainda não perceberam.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A ojeriza aos ganhos de escala

Lembram, caros leitores, daqueles tempos da nossa idade média econômica pós-ditadura, em que as empresas fabricantes de linha branca, que muito por conta da reserva de mercado, tinham uma escala de produção pequenininha e preços unitários estratosféricos ?
As pessoas se perguntavam, mas porque elas não aumentam a escala de produção, fazendo os preços unitários caírem, e logicamente vendendo mais ?
Claro que eram muitas as razões, mas uma delas, parece ser uma tendência do brasileiro a querer ganhar o máximo em cada unidade, e desprezar um ganho unitário menor, mas maior, em termos de escala.
Em tudo.
Vejam por exemplo, o jogo de ontem entre Santos x Palmeiras. Examinando o boletim financeiro da partida, vericamos que o Santos colocou na Vila Belmiro, um total de 11.452 pagantes, que deixaram na bilheteria uma renda bruta de R$ 543.945,00. Um ticket médio de R$ 47,50. A um primeiro olhar, uma ótima renda. Num olhar mais atento, nem tanto.
O Santos possui nesse momento o time que desperta o maior interesse no país. É o time que todos querem ver. E no entanto, o clube insiste em jogar num estádio com capacidade para 12.000 pessoas.
Infelizmente, as sucessivas diretorias do Santos sofrem daquela síndrome do "empresário linha branca" dos anos 80, que escrevi lá em cima.
Não seria mais interessante passar a mandar os jogos na capital, e colocar de 25 a 30 mil pessoas por jogo ? a um ticket médio de R$ 30, o clube arrecadaria o dobro. E se a arena fosse arrendada, ainda poderia lucrar com camarotes, comida, bebida, etc.
Esse time não tem vida longa, pois os principais destaques estarão longe de Santos em breve. Então porque não maximizar as receitas ? Porque não aproveitar a boa onda, que como todas as outras passarão ?

O Santos precisa pensar grande. Enquanto ficar enraizado na Vila Belmiro, jogando para meia dúzia de gatos pingados, o clube só irá encolher. Hoje, é possível cobrar R$ 200,00 por uma cadeira lateral. Mas, e quando as boas ondas sumirem ???

quarta-feira, 10 de março de 2010

Quem planeja mal, paga mais...

Ontem foi divulgado que o Náutico acertou sua participação na Arena Capibaribe, que será construída para sediar os jogos de 2014 em Recife. Se comprometeu a mandar 20 jogos anuais no futuro estádio, em troca de um "abono" de R$ 10 milhões (que serão pagos pelo vencedor da licitação). Os dirigentes do clube informam que outros detalhes ainda não estão fechados, como participação nas rendas e custos de utilização.

Diz-se que o governo local busca acordo semelhante com Sport e Santa Cruz, que ainda se mostram reticentes. Pode ser que o valor do tal "abono" não tenha agradado.

Pois é meus leitores. Erros de planejamento costumam doer no bolso. Decidir construir uma arena, e depois correr atrás de quem a sustente, é um erro crasso. O governo local agora se vê refem dos próprios erros. O exemplo de Recife serve para projetos de outras sedes, cuja decisão de construção já foi tomada, mas sem que os utilizadores (e viabilizadores) tenham sido definidos. E sem isso, como elaborar um estudo de viabilidade econômica ?

Recordo o final do meu post anterior, e lembro que para a Fifa, não importa se o "pato é macho". Ela quer o ôvo. E só.

terça-feira, 9 de março de 2010

O que realmente importa

Recentemente li umas avaliações sobre os estádios da próxima Copa e algumas comparações com a situação brasileira.

Entre várias delas, algumas sobre o Ellis Park me chamaram a atenção. A maioria avalia mal o estádio. Antigo (de 1962), mal cuidado (inclusive o gramado que está péssimo e necessita de replantio), e vários pontos inadequados, pelo menos em relação às recomendações de dona Fifa.

E justamente esse é o ponto que gostaria de abordar. Uns, comentam que o Ellis Park sofreu apenas algumas reformas burocráticas para "a Fifa ver". Outros, comentam com certa indignação que a dona Fifa está exigindo demais do Brasil, enquanto fecha os olhos para alguns estádios africanos.

E aí ? o que é mais importante ? projetar arenas que correspondam as necessidades do país e que representem uma transformação na infra esportiva local, ou apenas satisfazer a dona Fifa ?

Dona Fifa está preocupada apenas na embalagem do seu produto. Se a embalagem é a mais adequada, mais durável, mais economica, não interessa. Mas eu entendo que precisamos satisfazer, em primeiro lugar, as nossas necessidades, e dentro da nossa realidade.

Se a entidade recomenda que os estádios brasileiros tenham cobertura para o público, que ótimo. Se a entidade fecha os olhos a alguns estádios da África do Sul nesse quesito, ao contrário de reclamações, temos que tentar viabilizar esse avanço para o conforto de nossos torcedores. O Coliseu há 1940 anos atrás já se preocupava com o conforto do público e na proteção contra intempéries. Portanto, alguns de nossos estádios estão defasados 2 mil anos !!!

A África do Sul está construindo suas arenas na medida de suas possibilidades. Terá certamente 4 ou 5 arenas de altíssimo nível, e significarão um grande salto de qualidade no esporte daquele país. É possível que alguns se tornem "elefantes brancos" por falta de âncoras que os suportem, mas o real impacto dessas construções só deverá ser percebido dentro de alguns anos.

E é nisso que o Brasil precisa focar. Em proporcionar aos torcedores condições de apreciar os eventos com conforto e segurança, e aos clubes, condições de explorar um potencial imenso de novas receitas que serão fundamentais num futuro próximo. Construir arenas sustentáveis economicamente que sejam parte da solução e não causa de problemas.

Temos que aproveitar a Copa para revitalizar nossa infra esportiva, tornando-a a melhor que nossas possibilidades permitirem. Mas sem loucuras.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A Onda verde





Nas imagens acima, os projetos futuristas para o novo estádio da Roma (Franco Sensi), na China (Dalian Shide), e na Croácia (Blue Volcano). O que eles tem em comum ? Muitas coisas.

Além do fato de, se efetivamente forem erguidos, custarem uma fortuna, todos estão devidamente enquadrados e engajados na onda eco-verde-ambientalmente sustentável que começa a imperar nos novos projetos de estádios pelo mundo (o de St. Gallen e o de Taiwan para os Jogos asiáticos de 2009 foram os pioneiros).

Revestimento externo com plantas, água reciclada, materiais idem, painéis solares, turbinas eólicas, está tudo lá, como manda o figurino.

Quem vai pagar a conta ? Não tenho idéia, talvez os arquitetos saibam. Mas é possível que nem saiam das pranchetas.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Mas e se por acaso...

Ontem, durante reunião/cobrança do Ministro do Esporte com os representantes dos comitês locais das cidades-sede, o secretario extraordinário de Porto Alegre, José Fortunati, informou que as obras no Beira Rio começarão assim que o Confaz conceder a isenção fiscal que o Inter postula (isenção fiscal na compra de material de construção).

Bem, mas o Inter irá esperar porisso até quando ? E se a isenção não for concedida ?

E mesmo que seja, isso deverá representar uma economia na aquisição de materiais de até no máximo 15%, mantendo o total de recursos necessários para as reformas em níveis superiores a R$ 150 milhões.

Será que o Inter tem como levantar esses recursos e tocar a obra em apenas 2 anos ?

Parece que realmente serão muitas emoções.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Primeiro balanço

Como todos os meus leitores sabem, a Fifa não anda nada feliz com o cronograma de início das obras para a Copa 2014.
E, realmente, não é para estar mesmo. Eu não estaria.
Inicialmente a entidade deu um prazo ao CO (comitê organizador) de 01/03 para início das obras. Como nada aconteceu, pediu providencias à CBF, e fixou um novo prazo, agora 03/05.
Em função disso, por curiosidade, fiz um pequeno levantamento do andamento dos projetos das diversas sedes, e passo para vcs.

Os 3 estádios privados, como eu já prevejo desde maio de 2009, são um completo ponto de interrogação. Não existe previsão de nada. O Atlético-PR e o Inter em princípio (e de forma ajuizada), recusam os recursos do BNDES. Se por um lado mostram juízo em relação as finanças dos clubes, por outro, causam calafrios ao CO, já que não apresentam nenhuma alternativa consistente para obtenção dos recursos. Já a sede paulistana é uma incógnita total.

Em Brasília, o COL, garante que apesar de toda a tsunami política, inclusive anulação da segunda fase da licitação pelo TC, as obras começarão em abril.

O COL de Cuiabá anuncia o vencedor da licitação esse mês (o projeto original foi substituído), e garante o início das obras para abril.

Em Fortaleza, o resultado do edital será conhecido tb esse mês, com início das obras previsto para abril.

Em Manaus, apesar das inconsistências verificadas pelo MPF, as obras, segundo o COL, começarão em abril.

Já em Recife, apesar dos atrasos pelas modificações no projeto, as obras devem começar em abril ou maio.

Em Salvador, o consórcio vencedor já foi escolhido, e apesar de necessitar de algumas licenças ambientais, o Governo local garante que as obras começam em abril.

Em Natal, a previsão para o lançamento do edital é abril, com início das obras previsto para junho.

BH, prevê iniciar as obras mais pesadas em junho, mas o governo local ainda tenta uma PPP, o que acarretaria a necessidade de uma licitação, e portanto, mais atrasos.

E no Rio, as obras ligeiras começaram essa semana, mas o governo promete que a licitação para as obras pesadas sai em...abril.

Como podem perceber, o mês mágico para que tudo aconteça é abril. Só espero que não marquem para primeiro de abril...

Em maio faremos outro balanço.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Vergonha nacional

Reproduzo abaixo matéria de ontem publicada em alguns sites. Traduz um pouco dos descaminhos do esporte no Brasil. Sucateamento da estrutura esportiva das escolas e loteamento político de vilas olímpicas de um lado, e investimento injustificado em "consultorias" internacionais de outro, compõem o quadro fúnebre da nossa preparação para 2016.
Infelizmente é assim que nossos espaços esportivos públicos são "geridos".

Observação: As denuncias da matéria são feitas por um personagem tambem de triste memória.

Políticos interferem na gestão de vilas olímpicas no Rio

Espaços para o desenvolvimento de atividades esportivas em comunidades carentes são geridos pela influência de vereadores cariocas

Criadas para o desenvolvimento de atividades esportivas em comunidades carentes e possível celeiro para o surgimento de novos atletas, as vilas olímpicas do Rio de Janeiro são geridas por interesses políticos e pela influência de vereadores. A informação é do secretário municipal de Esporte e Lazer da cidade-sede da Olimpíada de 2016, Francisco Manoel de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira.
Em audiência pública na Câmara Municipal do Rio, em 3 de novembro de 2009, exatamente um mês após o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciar, na Dinamarca, que a cidade havia sido escolhida a sede da 31.ª edição dos Jogos, o secretário revelou sem constrangimento o nome de quem mandava em seis vilas olímpicas da cidade. Organizador de um evento que promete R$ 30 bilhões em investimentos, o Rio tem, de acordo com Chiquinho, unidades específicas para a prática de esportes em que a orientação é política, e não esportiva.

"A responsabilidade das Vilas Olímpicas é nossa (Prefeitura), as ONGs estão administrando e há um entendimento político de que algumas vilas estão sob orientação política de alguns vereadores", declarou o secretário, sem explicar, no entanto, o que significava dar "orientação política" a uma vila olímpica. Chiquinho deu o nome de sete vereadores. Um deles é o presidente da Câmara Municipal, Jorge Felippe (PMDB), que seria o "orientador" da Vila Olímpica Mestre André, em Padre Miguel, na zona oeste da cidade. "Ela (a vila) tem uma parceria de indicação política do vereador presidente desta Casa, Jorge Felippe, e o vereador Dr. Jairinho (PSC)", revelou.

A ata da audiência foi publicada no Diário Oficial do Legislativo do Município do Rio, em 18 de novembro. Chiquinho falava durante a análise do projeto de lei do orçamento da cidade para este ano. De acordo com a proposta apresentada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), o item "Manutenção de Unidades Esportivas que atendem a Rede Municipal de Ensino" deve receber R$ 28,5 milhões neste ano. A estimativa da Prefeitura é atender 16.560 crianças por mês nessas unidades.

A previsão orçamentária de "Construção de Unidades Esportivas e de Lazer" tem R$ 3,9 milhões reservados. Entre as novas unidades, está a do Mato Alto, em Jacarepaguá, onde já treina em condições precárias a atleta Bárbara Leôncio, ouro nos 200 metros do Campeonato Mundial de Atletismo para Menores, realizado na República Checa em 2007, e xodó da delegação brasileira na Dinamarca no dia do anúncio da vitória da candidatura do Rio.

Na unidade de Santa Cruz, a "orientação política" é do vereador Elton Babu (PT) - irmão e herdeiro político do deputado estadual Jorge Babu (PTN). Figura polêmica, o Babu mais velho é policial civil e chegou a ser preso pela Polícia Federal, em 2004, numa rinha de galo ao lado do publicitário Duda Mendonça. Em 2008, foi indiciado pelo MP do Rio por suposto envolvimento com milícias que atuam em Santa Cruz.

Uma das atividades mais comuns desses grupos paramilitares que se espalharam pelo Rio é justamente ocupar e cobrar aluguel pelo uso de quadras poliesportivas públicas - além, obviamente, de extorquir em troca de proteção, atuar no mercado de transporte ilegal, venda de gás, entre outros.

Localizada na região mais violenta do Rio, a Vila Olímpica Carlos Castilho, no Complexo do Alemão, tem "orientação política" do vereador Jorginho da SOS (DEM) - suspeito de ter recebido ajuda de traficantes encastelados na região durante a campanha eleitoral.

Dois integrantes do Conselho de Ética da Câmara Municipal também dão "orientação política" a outras unidades. Rosa Fernandes (DEM) orienta o Grêmio Recreativo Esportivo dos Industriários (Greip) da Penha e Tio Carlos (DEM), a Cidade das Crianças, segundo Chiquinho da Mangueira. A Vila da Gamboa, no Centro do Rio, é da vereadora Liliam Sá (PR).

Com a administração desses locais de treinamento, os vereadores têm, entre outros benefícios, a participação na contratação de funcionários.

terça-feira, 2 de março de 2010

Soluções existem...

Entre as inúmeras causas da contínua sensação de insegurança que os jogos de futebol proporcionam no Brasil, a péssima gestão de bilheterias continua sendo uma das principais. É estranho tambem, como a percepção do problema é visto e abordado pela imprensa. Um exemplo.
Ontem, assistindo um dos programas do SporTv, uma excelente matéria foi realizada mostrando os efeitos ainda latentes da tragédia do Couto Pereira em 2009.
Após as imagens, a apresentadora pergunta ao jornalista: Mas o estádio, a estrutura, continua a mesma ?
E o jornalista responde: Continua tudo igual, nem uma grade, nada...

E eu fiquei pensando, mas afinal, na cabeça dos jornalistas, o que eles esperavam que tivesse havido em termos de modificações estruturais para melhorar a situação anterior ?
Ampliação de acessos ? Não foi comentado.

Pois essa seria, em termos de reforma estrutural, a grande alteração a ser feita se fosse o caso. Todas as outras medidas de segurança relevantes não se referem a estrutura (a não ser quando a estrutura está fisicamente deteriorada, o que não é o caso).

O jornalista certamente desconhece, que as causas principais de todas as grandes tragédias em estádios pelo mundo afora, se deram pela conjugação de dois fatores. Excesso de lotação e excesso de obstáculos. Grades, muros, fossos, arame farpado e barricadas, são excelentes para impedir invasões de castelos medievais não para arenas esportivas. Para essas, indicamos ações mais simples, como uma eficiente gestão das bilheterias para impedir excesso de lotação, lugares marcados e sentados, cameras de vigilância em doses generosas, policiamento e controle de acesso rigoroso no entorno da arena, muita informação aos torcedores, orientadores de público treinados e em grande número, legislação eficiente para punir os baderneiros e etc, pois meus leitores já sabem disso tudo.

Depois de todo esse blá blá blá, e arrematando, para uma eficiente gestão de bilheteria é preciso uma venda de ingressos disseminada por inúmeros pontos de venda pela cidade, possibilidade de compra por meios virtuais e com variadas formas de pagamento. Lembrei disso, porque em 2 semanas uma das maiores empresas desse tipo de tecnologia, o chamado "cashless payment system", a alemã Payment Solution AG, vai instalar na Campushalle, a arena de handball do SG Flensburg-Handewitt, seu mais novo sistema.

É a vigésima arena em que o sistema está sendo implantado em pouco mais de 6 meses.

Porque aqui tudo é tão difícil ? O custo ? Não me façam rir.

A nossa cartolagem gosta mesmo é do BWA advanced system...

A propósito...

Apenas para exemplificar a tal armadilha que está se armando para São Paulo, Internacional e Atlético-PR, mencionada no meu post anterior, está aí o Portsmouth. Há apenas 2 anos atrás, sagrava-se campeão da Copa da Liga inglesa, e projetava ser o sexto maior clube ingles em faturamento em 2 anos. Bem, e como ficou a projeção ? Nesse período, trocou de mãos 4 vezes, ficou insolvente, está praticamente rebaixado, e o atual dono está num beco sem saída. Ou vende por 10 tostões, ou não encontra comprador e fecha as portas do clube.
Um clube com boa torcida, apaixonada, e 112 anos de história.
Esse é um exemplo do que decisões estratégicas mal tomadas podem acarretar ao futuro de um clube.
O Portsmouth caiu na armadilha. Espero que os nossos escapem.